Corregedoria recebe 4 ações contra Bolsonaro

As ações dizem respeito às declarações racistas e homofóbicas do deputado em entrevista ao programa CQC da TV Bandeirantes

Fonte: Jornal do Commercio/OAB-RJ

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A indignação da sociedade e dos parlamentares com as declarações racistas e homofóbicas do deputado Jair Bolsonaro (PPRJ) fez com que até o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS) partisse para o ataque. Depois de receber quatro representações e encaminhá-las à Corregedoria da Casa, o petista afirmou, pelo twiter, que as ideias do colega representam uma herança do passado que ninguém permitirá que se repita. "Minha opinião: declarações do deputado são lamentáveis quando lutamos pelo fim das desigualdades e da intolerância, qualquer que seja", escreveu.


A opinião de Maia engrossa um coro de reações de diversos setores da sociedade e dos próprios integrantes da Câmara, que pressionam pela abertura de um processo por quebra de decoro parlamentar. O corregedor Eduardo da Fonte (PPPE) disse que vai analisar as declarações de Bolsonaro, mas já adiantou para alguns colegas que deve encaminhar o caso ao Conselho de Ética.


As ações dizem respeito às declarações do deputado em entrevista ao programa CQC da TV Bandeirantes. Respondendo a uma pergunta da cantora e apresentadora Preta Gil sobre o que faria se seu filho casasse com uma negra, o deputado afirmou que não iria discutir "promiscuidade". No mesmo programa, o deputado ainda afirmou que torturaria seu filho se o encontrasse fumando maconha e que não pensa que seu filho possa ser homossexual porque ele teve "boa educação".


A Ordem dos Advogados do Brasil, pelo menos três partidos políticos e dois deputados de forma individual entraram com representações contra Bolsonaro. "Não passarão mais em branco essas demonstrações racistas homofóbicas e contra a democracia. Ele será alvo de representação não apenas minha, mas de inúmeros parlamentares. Esse deputado envergonha a imagem do parlamento", criticou Brizola Neto (PDT-RJ). Hoje deve ser protocolada ainda mais uma representação da Procuradoria da Mulher da Câmara dos Deputados.


Bolsonaro, no entanto, disse que está "se lixando" para as reações às suas ideias. Ontem, ao chegar para o velório do ex-vice-presidente José Alencar, disse que não teme as representações contra ele e repetiu declarações homofóbicas. "O que esse pessoal (gays) tem a oferecer para a sociedade? Casamento gay? Adoção de filhos? Dizer para vocês que são jovens que, no dia em que vocês tiverem um filho, se for gay, é legal e vai ser o "uhuhu" da família? Esse pessoal não tem nada a oferecer", disse.


Para se defender, Bolsonaro diz agora que entendeu que a pergunta se referia ao casamento do filho com um gay, não com uma negra. A postura tem explicação. Crime de racismo tem punição prevista em lei. Homofobia, ainda não.


O deputado federal Jean Wyllys (PSol-RJ) classificou de "estratégia" o fato de Jair Bolsonaro (PP-RJ) ter recuado da declaração de que seria "promiscuidade" se seu filho se apaixonasse por uma negra, dada ao programa CQC da TV Bandeirantes. Bolsonaro afirmou não ter entendido a pergunta de Preta Gil, mas Wyllys vê cálculo político na justificativa do colega.


"É preciso desmascarar a tentativa dele de se safar do crime de racismo. É deboche à inteligência das pessoas dizer que ele se confundiu. Não dá pra confundir mulher negra com homossexual, como ele está querendo dizer. Ou ele é demente, ou está debochando", afirmou o deputado do PSol. Wyllys é homossexual assumido e milita no movimento LGBT.


Wyllys afirmou serem naturais as novas declarações de Bolsonaro atacando os homossexuais. "Ele está invocando essa homofobia odiosa porque sabe que a violência contra homossexual goza de mais aceite pela sociedade. Ele sabe que foi traído pela língua e que pode ser cassado pelo racismo, então ele está tentando dizer que é "só" homofóbico. Ele está com medo e é covarde", disse Wyllys.


O deputado do PSol lamentou ainda as manifestações favoráveis a Bolsonaro em rede sociais na internet e chegou a comparar a atitude do deputado com a propaganda nazista.

 

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Palavras-chave: Preconceito; Racismo; Discriminação; Declaração; Deputado; CQC; Ação

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