Contas do governo da presidente Dilma são reprovadas pelo Tribunal de Contas da União

Governo usou manobras fiscais para esconder rombo de R$ 100 bilhões. Decisão histórica de reprovação não acontecia há quase 80 anos

Fonte: G1

Comentários: (13)




Uma decisão que entra para a história: o Tribunal de Contas da União decidiu reprovar as contas do governo da presidente Dilma Rousseff, coisa que não acontecia há quase 80 anos.


O motivo? O governo usou manobras fiscais, incluindo as chamadas pedaladas, para esconder um rombo de mais de R$ 100 bilhões no ano passado. Agora, o Congresso que vai decidir o que fazer a partir dessa recomendação do TCU.


Cabe ao Congresso dar a palavra final se vai ou não rejeitar as contas da presidente. A decisão do TCU vale apenas como recomendação, mas foi uma recomendação unânime. Em quase 125 anos de história, esta foi a segunda vez que o Tribunal rejeita as contas de um presidente da República. A primeira foi com Getúlio Vargas. O governo tentou suspender a sessão, mas o Supremo negou, e tentou afastar o relator, mas o TCU não aceitou.


Do lado de fora uma vigília de apoio ao TCU. Dentro: plenário lotado e a oposição foi em peso. Ficou na primeira fila e ouviu um resultado que só tinha acontecido em 1937, com Getúlio Vargas. Os ministros do Tribunal de Contas da União recomendaram, por unanimidade, a rejeição das contas da presidente Dilma.


“Aconteceu o que todos prevíamos e desejávamos que houvesse uma decisão com independência e com respaldo técnico, e foi o que aconteceu”, afirma o deputado Mendonça Filho, líder de partido (DEM-PE).


“Eu acho que, não diria que foi um julgamento político, mas um julgamento que foi muito pressionado pela política”, diz o senador Humberto Costa, líder de parido (PT-PE).


Esse julgamento é feito todo ano. A conclusão desta quarta-feira (7) dos ministros foi que o governo, em 2014, gastou sem controle, sem transparência e sem compromisso com as metas fiscais. Foram identificadas 15 falhas nas contas do governo do ano passado.


O relator do caso, ministro Augusto Nardes falou que em 2013 foram feitos alertas ao governo, que tomou medidas, mas insuficientes. Pelas contas dele, as irregularidades aconteceram em transações que somam R$ 106 bilhões. Sendo R$ 40 bilhões das chamadas pedaladas fiscais, o governo demorava para repassar dinheiro para os bancos públicos que faziam o pagamento de programas como o Bolsa Família.


“O fato de termos um gasto próximo de R$ 106 bilhões em um período eleitoral é extremamente grave para a nação. Isso aí é um dos princípios da Lei de Responsabilidade Fiscal de evitar que se gaste mais do que se arrecada no ano, E o que aconteceu foi isso. Houve um exagero que transformou as contas de 2014 com números impactantes”, diz o relator do TCU, ministro Augusto Nardes.


Nardes apresentou técnicos para dizer que fez o parecer com 14 servidores concursados do TCU. O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, defendeu as medidas fiscais do governo, e, no final, comentou o resultado: “O trabalho que nós fizemos no Tribunal vai continuar, nós temos convicção na qualidade do trabalho, evidentemente é um relatório, é um parecer, que ainda vai ser ainda objeto de análise.”


A presidente Dilma divulgou nota. Disse que “os órgãos técnicos e jurídicos do governo têm a plena convicção de que não existem motivos legais para a rejeição das contas.” A nota diz ainda que “não é correto considerar como ilícitas ações administrativas antes vistas como adequadas pelo Tribunal.”


O TCU recomendou a rejeição das contas, só que quem dá a palavra final é o Congresso. Mas lá tem uma pilha de contas de presidentes que nunca foram votadas: 12 no total, incluindo todas do primeiro mandato da presidente Dilma,


Pelo levantamento da Câmara, tem até duas do ex-presidente Fernando Collor. O governo disse que vai continuar debatendo para demonstrar a absoluta legalidade das contas.


“A presidente agora vai responder politicamente por ter adotado essa medida que causa prejuízo ao país, a economia e a geração de emprego”, garante o deputado Bruno Araújo, líder da minoria (PSDB-PE).


“Estamos tranquilos, o Congresso vai reparar essa orientação equivocada e política por parte do TCU”, afirma o deputado José Guimarães, líder do governo (PT-CE).


Agora o TCU envia o parecer que foi aprovado para o Congresso. E antes da votação em plenário, as contas passam pela Comissão Mista de Orçamento.

Palavras-chave: TCU Dilma Rousseff Manobras Fiscais "Pedaladas Fiscais"

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13 Comentários

Jesualdo Macena Menezes Economista09/10/2015 6:19 Responder

Considerando a extensão da postagem, a mesma será efetuada de forma fracionada. O sistema não aceitou o envio do comentário quando o mesmo foi realizado em um único bloco. Não creio que tenha sido deletado pelo site, pois sigo as regras do mesmo e em momento algum dirijo palavras incompatíveis com a honra pessoal de quem quer que seja. Levanto hipóteses e simulo situações e estratégias.

Jesualdo Macena Menezes Economista09/10/2015 6:31 Responder

ALGUMAS PONDERAÇÕES: A manobra denominada "pedaladas fiscais" constitui uma via de mão dupla, podendo ser entendida como uma operação de crédito realizada entre o Tesouro Nacional e os bancos oficiais (Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal). O governo atrasou o repasse dos recursos destinados aos programas sociais, obrigando as instituições financeiras a supri-los com recursos próprios. Tal artifício feriu a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Jesualdo Macena Menezes Economista09/10/2015 6:45 Responder

Mas é necessário frisar que os fatos vieram a público, ostensivamente, no ano passado, através da imprensa, e teve continuidade neste ano de 2015 (a Caixa fechou o mês de março na qualidade de credora de R$ 44,5 milhões que deveriam ser repassados pelo Tesouro para cobrir as despesas com o seguro-desemprego - Fonte: jornal O Estado de São Paulo, com informações reproduzidas pelo site Tribuna do Norte). Assim, as "pedaladas fiscais" adentraram o ano de 2015.

Jesualdo Macena Menezes Economista09/10/2015 7:03 Responder

As ponderações e peculiaridades residem nas seguintes hipóteses, arroladas nesta e nas postagens subsequentes: 1ª) O citado veículo de comunicação, ao publicar os fatos, "obrigou" o TCU a acelerar as investigações. 2º) A denúncia da irregularidade NÃO partiu do governo (obviamente) e tampouco do BB ou da CEF, fato que, a meu ver, estende responsabilidade aos dirigentes daquelas instituições, pois, mesmo estando alojados no segundo escalão do governo, não são obrigados a seguir diretrizes manifestamente ilegais. Principalmente o BB, cujo capital é aberto (rumores de outrora dão conta de que o governo pretendia fatiar, também, parte do patrimônio da CEF pela via do Mercado de Capitais, com o objetivo de angariar recursos).

Jesualdo Macena Menezes Economista09/10/2015 7:16 Responder

É evidente que a responsabilidade maior deve ser imputada à Presidente da República. Todavia, os dirigentes das instituições financeiras envolvidas (Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal) deveriam, também, contribuir com as explicações pertinentes.

Jesualdo Macena Menezes Economista09/10/2015 7:37 Responder

3ª) O TCU, provavelmente, NÃO teria obtido êxito suficiente, em tempo hábil, se não fosse contemplado com a ajuda da mídia. Isto porque a Corte de Contas atua, via de regra, na retaguarda dos acontecimentos, na tentativa, talvez, de justificar a sua existência (se não houvesse roubalheira, a figura do TCU não teria sentido. Se existisse nesse contexto, seria apenas uma peça decorativa do Estado). Porém, considerando-se a possibilidade de que o assalto aos cofres públicos seja um "câncer" inerente a qualquer forma de governo, remanesceria a obrigação de minimiza-lo através de uma postura de vanguarda, ou seja, de antecipação aos atos deletérios

Jesualdo Macena Menezes Economista09/10/2015 7:55 Responder

Todavia, a cultura que lá (no TCU) predomina é propícia à letargia das investigações. Além disso não se pode descartar o aspecto omissivo, a incompetência estratégica, e o império do aspecto político. E, aqui, no ensejo dos fatos, reitero o que já afirmei em postagens pretéritas, pois acredito que ao TCU não interessa ter, em seu quadro de pessoal, servidores que ousem romper com tal situação através da propositura de um paradigma honroso, eficiente, eficaz e, consequentemente, benéfico.

Jesualdo Macena Menezes Economista09/10/2015 8:17 Responder

É justamente por isso que a minha aposentadoria (forjada, covarde, aviltante, ultrajante, criminosa, com mácula ao devido processo legal) foi considerada, pelo Tribunal, como necessária. Os autos processuais, relativos à aposentadoria "sub judice", espelham tudo com singular limpidez e cristalinidade ímpar, perceptível a qualquer cidadão, ainda que leigo. Os detalhes serão conhecidos "a posteriori" e o TCU (Tribunal de Contas da União) não tem a menor ideia da magnitude e extensão dos males que me causou a partir dessa infame demonstração de poder.

Jesualdo Macena Menezes Economista09/10/2015 8:35 Responder

PORTANTO, NÃO SERÁ ATRAVÉS DESSE JULGAMENTO 'HISTÓRICO" (cujo desfecho tem a mina excepcional anuência), QUE O TRIBUNAL SERÁ EXIMIDO DA SUA "HISTÓRICA" POSTURA OMISSIVA (este registro se faz necessário em face dos elogios oriundos dos mais variados setores da sociedade). Conveniente conhecer melhor a Instituição fiscalizadora, pois somente assim a avaliação torna-se mais segura. As aparências, às vezes, enganam.

Jesualdo Macena Menezes Economista 09/10/2015 8:54

RETIFICAÇÃO: (cujo desfecho tem a MINHA excepcional anuência).

Jesualdo Macena Menezes Economista09/10/2015 8:49 Responder

Ele (Tribunal) fez aquilo que o dever lhe impõe com relação às contas públicas de 2014 do governo federal. E, neste caso, com relativa precariedade (alto custo operacional e dependência, quase absoluta, da providencial colaboração midiática). Somente agora se tornou relativamente conhecido. Seria objeto de ironias se, através de uma pesquisa de opinião popular, fosse mostrado como "guardião" do erário. "Defensor" dos cofres públicos. Creio que gargalhadas em profusão seria inevitável.

Jesualdo Macena Menezes Economista09/10/2015 9:08 Responder

Ninguém o fiscaliza. Ninguém o julga. Verifica-se que, no âmbito interno, há o receio (o medo que o TCU impôs como cultura) da crítica com relação aos procedimentos arcaicos. Isto porque o tratamento dispensado a quem se indispor contra os aspectos fiscalizatórios ultrapassados corre o risco de ser "contemplado" com um tratamento assemelhado ao que me impuseram. Já no âmbito externo, afirmo que somente uma auditoria independente ou uma comissão parlamentar de nível ético elevado poderá desvendar a "caixa preta" que o TCU tem demonstrado ser nessa longa temporada existencial.

Jesualdo Macena Menezes Economista 09/10/2015 9:34

ALERTA: Esta postagem específica contém um erro típico de uma digitação açodada. Considero que não afeta a sua compreensão, desde que o entendimento esteja focado no conteúdo.

Jesualdo Macena Menezes Economista09/10/2015 9:24 Responder

Tenta mostrar serviço de vulto somente agora, quase 125 anos depois da sua criação, logrando relativo êxito por força das circunstâncias, empurrado pelo Petrolão e outras mazelas que nos ruíram materialmente e moralmente. Mazelas que NÃO teriam afligido nosso país se o TCU a elas se antecipasse, adotando uma postura preventiva através da análise criteriosa das prestações de contas a ele enviadas por todos os órgãos que estão sob a sua jurisdição.

Jesualdo Macena Menezes Economista09/10/2015 9:51 Responder

Finalizo, na expectativa de que esse movimento não se transforme em uma duplicata do que ocorreu em 1037, quando o governo, sob a égide de Getúlio Vargas, teve suas contas rejeitadas no âmbito da Corte de Contas, mas aceitas na esfera do parlamento. Creio que a organização de mais uma retumbante manifestação social, democrática e pacífica, seja necessária para que a questão se encerre de forma favorável à população brasileira, a fim de que o sofrimento de todos seja arrefecido. E isso só será possível se os aspectos éticos e a moralidade pública passe a ser prioridades para os nossos governantes.

Jesualdo Macena Menezes Economista 09/10/2015 10:13

Retificação: Onde se lê: em 1037 (final da primeira linha), leia-se:...em 1937.

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