Condenado por matar travestis, ex-PM é preso por novo crime em SP

Na crônica policial paulistana, Silva ganhou fama ao ficar conhecido como "O Matador de Travestis"

Fonte: Folha de São Paulo-Online

Comentários: (0)




Por ordem da Justiça, investigadores do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) prenderam na manhã desta terça-feira o ex-soldado da Polícia Militar de São Paulo Cirineu Carlos Letang Silva, suspeito de ter assassinado a tiros um travesti, em 26 de maio deste ano.


Duas testemunhas reconheceram Silva como responsável pela morte de Alisson Pereira Cabral dos Anjos. Silva foi indiciado pelo DHPP sob suspeita de ser o autor do homicídio. O crime ocorreu num ponto de travestis na rua Doutor Edgar Teotônio Santana, na Barra Funda (zona oeste de São Paulo). A vítima foi morta com um tiro de revólver calibre 38.


A prisão preventiva de Silva foi pedida à Justiça pelo delegado Antonio Carlos de Aguiar Desgualdo, chefe da equipe B-Sul, do DHPP.


Em depoimento à Polícia Civil, Silva negou ter matado Alisson dos Anjos. Seu advogado não foi localizado pela reportagem.


Na crônica policial paulistana, Silva, um ex-integrante da Rota --espécie de tropa de elite da PM paulista--, ganhou fama ao ficar conhecido como "O Matador de Travestis".


Silva também é um dos réus no processo sobre o massacre dos 111 presos no pavilhão 9 da Casa de Detenção de São Paulo, no Carandiru (zona norte de SP), cometido pela Polícia Militar em 2 de outubro de 1992. Silva era da equipe da PM que invadiu o terceiro pavimento do pavilhão 9, onde foram mortos 78 dos 111 presos.


Silva foi condenado em 2002 a 40 anos de prisão pelas mortes de três travestis na cidade de São Paulo, todas ocorridas cinco meses após o massacre do Carandiru.


Em janeiro de 2003, quando Silva recorreu das condenações, o desembargador Luiz Pantaleão escreveu em sua decisão que o réu "elegia pessoas para morrer tão somente porque não agradavam o acusado por serem travestis e que isso demonstrava total descaso com a vida humana; intolerância com o próximo".


"O acusado [Silva] praticou três delitos contra a vida e com emprego de violência real; era policial militar à época e deveria zelar pela segurança das pessoas; revelou insensibilidade total, mutilando um dos cadáveres; desta feita deve a maior reprimenda ser aumentada ao triplo, resultando a pena em quarenta anos de reclusão", decidiu, em 2003, o desembargador.


Silva está em liberdade desde 16 de março deste ano. Ele deixou o regime fechado para o semi-aberto em 2004.


SEM TORNOZELEIRA


No fim de 2010, quando cumpria pena em regime semiaberto no Centro de Progressão Penitenciária de São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo, Silva impetrou um habeas corpus no Tribunal de Justiça paulista para evitar ser obrigado a usar a tornozeleira de monitoramento eletrônico durante a saída temporária de Natal e Ano Novo, mas o pedido não foi atendido pelo desembargador Pantaleão.

 

Segundo Silva, o uso da tornozeleira "feria o princípio da dignidade humana, além de ter caráter vexatório, e representa uma violência moral e psicológica, e verdadeira exclusão social".


"O uso de tornozeleira eletrônica não afronta a liberdade de locomoção do impetrante-paciente [Silva], que continua a ir e vir sem qualquer restrição a não ser aquelas próprias da disciplina na hipótese de saídas temporárias. Qualquer discussão sob o enfoque de direitos da personalidade, inclusive da dignidade humana, só poderá ser travada mediante a via cabível e adequada que, evidentemente, não é a do habeas corpus", escreveu o desembargador.

Palavras-chave: Crime; Polícia Militar; Homicídio; Travesti; Prisão

Deixe o seu comentário. Participe!

noticias/condenado-por-matar-travestis-ex-pm-e-preso-por-novo-crime-em-sp

0 Comentários

Conheça os produtos da Jurid