Carência de consultores contábeis

Fonte: Antônio Lopes de Sá

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Antônio Lopes de Sá A importância da consultoria contábil, esta que é feita no sentido da orientação relativa à proteção e melhor utilização do capital, para a consecução dos objetivos dos empreendimentos, é fato reconhecido há milênios.

A "forma" da execução da referida tarefa foi afetada porque permanentes têm sido as modificações do ambiente social e econômico, mas, na "essência", quanto à natureza da necessidade das orientações, tudo permanece igual.

Saber sob que condições se deve conduzir a riqueza sempre foi e continuará sendo um conhecimento de natureza contábil.

Como grande parte dos empresários e dirigentes de entidades não possui conhecimento suficiente para entender a linguagem dos balanços e demonstrativos contábeis, necessita de quem os analise, explique e interprete.

Mesmo homens da produção com cultura refinada preferem entregar a especialista a opinião sobre o comportamento do patrimônio que regem.

Quem lê, por exemplo, as cartas escritas há milênios por Plínio, o jovem, ao imperador romano Trajano pode ter idéia exata do que representa a participação de um bom entendedor do que as contas indicam.

O registro contábil tendo nascido apenas para guardar memória dos acontecimentos cedeu, entretanto lugar, em razão da complexidade em que se envolveu a civilização, à premente necessidade de conhecimento do que representa o mesmo.

De início empiricamente, mas, ao longo do tempo evoluindo para uma técnica e depois para a ciência, a Contabilidade foi pelos milênios afora servindo aos interesses das empresas e instituições.

A informação foi apenas o começo para o entendimento e ainda hoje é insuficiente para por si só explicar os efeitos dos fatos, por mais analítica e sofisticada que possa ser.

Agora, mais que nunca, com as profundas transformações sofridas no mercado internacional, a interferência acentuada do Estado (nem sempre eficaz) na vida das pessoas, a grande evolução tecnológica e científica, a perda de moral e ética, mais se acentuou o papel do "orientador" ou consultor contábil.

Um empreendimento chega a ser uma aventura quando lhe falta a orientação cientifica do Contador em função de consultoria.

Pouco adianta o recurso de sofisticadas organizações, complicadas demonstrações, se não existe quem possa explicar e interpretar os fatos ocorridos com a riqueza e qual o destino a esta reservado.

A falta de consultores contábeis altamente qualificados no mercado mundial está exatamente na deficiência da formação cultural volvida apenas para o "saber escriturar e demonstrar" em vez de se preocuparem muitos professores e estabelecimentos em educar para saber por que se escritura e demonstra.

O ensino demasiadamente pragmático, a teoria dissociada da realidade, a escolha de más orientações pedagógicas, respondem pela carência que está ocorrendo.

Nem excesso de pragmatismo, nem exclusivamente teoria, podem suprir a educação eficaz de um Contador.

Perdem a natureza "universitária" os cursos que adotam metodologia aferrada a um só tipo de cultura.

Desmerece-se um ensino submisso a uma só linha cultural sem estabelecer comparações e analisar a história do conhecimento.

Não se trata de preparar um profissional para ser "dócil" a esta ou aquela tendência a titulo de "harmonizar" práticas.

A proclamada "harmonização" de procedimentos, derivada de "consensos" falece em teor científico.

Nem tudo o que é aceito por muitos é o verdadeiro.

A ciência se construiu mais ao sabor de gênios que de pactos ou assembléias de profissionais.

As teses de Galileu, Newton, Einstein, Planck e outros gênios não se derivaram de "comissões", nem de "institutos internacionais".

O ensino, pois, precisa dar aos discentes razões para que estes possam alimentar um espírito crítico competente para identificar a realidade e estabelecer identidades.

Não são, pois, os cursos de aperfeiçoamento, mestrados ou doutorados os que por si só habilitam um consultor, mas, sim, a "metodologia" que adotam para a competente formação.

O excesso de relevância que se tem dado à "pós-graduação", às "Normas", sem que estas se cuidem de uma sustentação científica e filosófica do conhecimento contábil, vem agravando o problema e tenderá a aumentá-lo (e o próprio mercado vem isto denunciando).

Einstein já advertia, há décadas, sobre a decadência da educação normativa afirmando que ela criava "robôs" e não homens capazes de racionar.

Também outros valorosos pensadores assim vaticinaram como Carrel, o grande humanista francês e Spengler, futurólogo alemão, em sua famosa obra "Decadência do ocidente", há cerca de um século.

Isso porque não basta cumprir o que outros julgam como certo, mas, principalmente o que pela experiência e lucidez própria se pode entender como correto.

Tal lição, há cerca de dois mil e quinhentos anos já era pregada pelo grande filosofo oriental Buda, motivando o ser humano a encontrar dentro de si a luz para formar a consciência e orientar as práticas da vida.

Em Contabilidade o que é deveras importante não é apenas informar, nem saber como se informa, mas, sim o que fazer com o que se tem por informação.

A falta de consultores que hoje algumas pesquisas denunciam sinalizará certamente para uma pioria se prevalecer a deficiente formação cultural e a opção pela rigidez de normas e procedimentos feitos ao sabor de vontade de grupos dissociados da ciência.

Consultores requerem cultura geral, especializada e humana, abrangendo um vasto leque de conhecimentos e estes dependem de uma sólida formação educacional, esta que não se consegue apenas com títulos em cursos e eventos, nem com o decorar Normas e Procedimentos, mas, especialmente, com sólida formação doutrinária e visão humanística.

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