Câmara aprova restrição de placas e cartazes em campanhas eleitorais

Partidos argumentaram que medida reduz os custos das campanhas

Fonte: O Globo

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A Câmara finalizou nesta terça-feira a votação de proposta que altera as regras eleitorais, com medidas que facilitam a vida dos partidos e dos candidatos que já têm mandato e são conhecidos dos eleitores. Chamada pelos parlamentares e minirreforma eleitoral, a proposta terá que ser votada novamente pelo Senado porque foi alterada. Ela permite, por exemplo, o parcelamento de multas eleitorais e reduz o poder de fiscalização da Justiça eleitoral ao dar mais autonomia aos partidos no uso dos recursos do fundo partidário. Entre as mudanças aprovadas está a proibição de propaganda eleitoral — por meio de placas, faixas, cartazes, bandeiras e pinturas de muros — em bens públicos e bens particulares.


Os deputados também proibiram o uso de bonecos nas campanhas, mas permite o uso de bandeiras e mesas com material de campanha em via pública, desde que não atrapalhem o trânsito de pessoas e carros. Ficou mantida a proibição do uso de outdoors.


Nos debates, de um lado, deputados do PT e do PCdoB defendiam os bonecos e placas em bens particulares. Do outro, PMDB e outros partidos argumentaram que se trata de mais uma medida para reduzir os custos das campanhas.


— Nós votamos pela criatividade na forma de nos relacionarmos com nossos eleitores. A favor dos bonecos — disse a deputada Luciana Santos (PCdoB-PE)


— Bonecos em Olinda, ok, mas nas campanhas eleitorais, não! — retrucou o deputado Esperidião Amin (PP-SC).


Para muitos deputados, a restrição de publicidade privilegia os que têm mandato e já são conhecidos, porque quem já tem recall.


— Isso aqui está uma palhaçada. Imagine alguém concorrendo pela primeira vez: não pode ter adesivo no carro, boneco nas ruas, placa na casa do apoiador. Como avisar as pessoas que está concorrendo na eleição? Isso é para beneficiar quem tem mandato, já é conhecido e complicar a vida dos que concorrem pela primeira vez — criticou o deputado Paulo Pimenta (PT-RS).


Na semana passada, embora votando contra a minirreforma eleitoral, o líder do PR, Anthony Garotinho (RJ) aprovou, com o apoio de todos os partidos, exceto o PMDB, emenda que permite o parcelamento, em 60 vezes, da multa eleitoral recebido por cidadãos e candidatos, sendo que cada parcela não poderá ultrapassar 10% dos rendimentos da pessoa.


Também em benefício próprio e de seus partidos, os deputados aprovaram artigo que evita a suspensão de cotas do fundo partidário no segundo semestre do ano eleitoral. E estabeleceram que a Justiça eleitoral fará apenas o “exame formal” dos documentos fiscais e contábeis apresentados pelos partidos políticos, comitê e candidatos, sem exigir que sejam dadas explicações sobre a natureza do gasto.


O texto também diz que fica proibido ridicularizar o adversário nas campanhas. Por uma margem pequena, 186 votos a favor e 162 contra foi aprovada a proibição.


— Eu quero colocar uma foto dos que viajaram para Paris e colocaram guardanapos na cabeça. Vou poder? Quero poder fazer isso — provocou Garotinho, antes da votação, numa referência às famosas fotos do governador Sérgio Cabral e outros.


O projeto trata também da pré-campanha eleitoral, permitindo que pré-candidatos participem de programas e debates no rádio, na TV e na internet, expondo projetos e plataformas, desde que não haja pedido de votos. Deixa claro que este tipo de ação não será considerada propaganda antecipada e o candidato possa ser punido pela Justiça eleitoral.


No último destaque votado hoje, os deputados mantiveram a obrigação de informar, na propaganda eleitoral paga em jornais, o custo do anúncio pelo candidato. O projeto acabava com a obrigação, mas o plenário votou pela manutenção da regra atual prevista na legislação eleitoral.


Um dos pontos mais polêmicos, no entanto, a liberação de doação indireta das concessionárias e permissionárias de serviços públicos, foi retirado do texto na votação do texto base semana passada. Sete partidos, entre eles o PT, votaram contra o texto base da minirreforma, sob o argumento de que as mudanças alteram para pior as regras eleitorais.


As regras estão sendo aprovadas fora do prazo exigido pela lei eleitoral para mudanças nas regras para a eleição de 2014, mas os defensores da votação argumentaram que são apenas normas de procedimento da eleição, para reduzir o custo das campanhas. O maior objetivo dos deputados é aprovar as mudanças para antecipar-se à regulamentação que é feita pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nos seis meses que antecedem a eleição.

Palavras-chave: câmara aprovação restrição placas campanhas eleitorais

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2 Comentários

brazilino viana advogado24/10/2013 14:06 Responder

Com todas as venias, esses parlamentares que votaram pelas \\\"mudanças\\\", todos deveriam receber como prêmio, um tónel de óleo de peroba para usarem quando sairem em campanha nas próximas eleições, é pura palhaçada!!!

brazilino viana advogado24/10/2013 14:13 Responder

Essas mudanças são uma espécie de remendo numa roupa velha, caindo aos pedaços. A sociedade não que saber de placas, bonecos, de palhaçada, a população quer é que a educação seja da melhor qualidade, que todos tenham as mesmas oportunidades; querem que a saúde seja um direito de todos, que não fique restrito aos arts. da Carta Magana, querem que o judiciário funcione, que seja célere, que um processo não passem anos nas escrivaninhas de determinados magistrados, a população quer que os tribunais superiores funcionem como órgãos autônomos e não como órgãos políticos.

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