Atraso de dois minutos no horário de comparecimento à audiência pode ser tolerado

No entender do magistrado, pode ser aplicado ao caso, o disposto no artigo 58, parágrafo 1º, da CLT, que considera justificáveis variações de horário que não ultrapassem cinco minutos, demonstrando que atrasos de cinco minutos não são sérios o suficiente para justificar a punição da parte

Fonte: TRT 3ª Região

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Um ex-empregado do Pitágoras Sistema de Educação Superior Sociedade Ltda. chegou com dois minutos de atraso à audiência trabalhista na qual deveria prestar depoimento. Por essa razão, o juiz sentenciante aplicou-lhe a pena de confissão ficta, isto é, ele considerou verdadeiros os fatos alegados pela parte contrária. Inconformado com essa decisão, o trabalhador recorreu ao TRT. Ao analisar a questão, a 1ª Turma do TRT-MG acompanhou o entendimento do juiz convocado Cléber Lúcio de Almeida, segundo o qual pequenos atrasos podem ser tolerados pelo juiz de 1º grau, desde que não comprometam a realização das audiências designadas para o mesmo dia.


No caso, a audiência de produção de provas estava designada para o dia 2/2/10, às 11:30 horas. Às 11:31 horas daquele dia, a audiência foi encerrada, sendo o trabalhador considerado confesso em relação aos fatos narrados na defesa, apesar do seu comparecimento no local às 11:32 horas. Em seu voto, o relator observou que, de acordo com o entendimento expresso na Orientação Jurisprudencial 245 da SDI-1, do TST, não existe previsão legal tolerando atraso no horário de comparecimento da parte à audiência. "Nada impede, no entanto, que o juiz tolere pequenos atrasos, que não comprometam seriamente a realização das audiências designadas para o mesmo dia", completou. Outro ponto relevante a ser ressaltado, segundo o julgador, é o fato de que existe lacuna da lei em relação à eventual tolerância de atrasos das partes e, diante de uma lacuna, o juiz pode lançar mão da analogia para a solução da situação concreta a ser resolvida, o que permite aplicar ao atraso das partes o disposto no artigo 815 da CLT, desde que o atraso não seja prejudicial à realização das audiências. De acordo com esse dispositivo legal, se, até 15 minutos após a hora marcada para o início da audiência, o juiz ou presidente não tiver comparecido, os presentes poderão retirar-se, devendo o ocorrido constar no livro de registro.


No entender do magistrado, pode ser aplicado ao caso, também por analogia, o disposto no artigo 58, parágrafo 1º, da CLT, que considera justificáveis variações de horário que não ultrapassem cinco minutos, demonstrando que atrasos de cinco minutos não são sérios o suficiente para justificar a punição da parte. "É certo que não existe, como consta da citada Orientação Jurisprudencial, direito à tolerância de atrasos, o que, contudo, não impede que pequenos atrasos sejam tolerados. O atraso de dois minutos não justifica a penalização da parte, em especial quando não é demonstrada qualquer intenção de protelar o desenvolvimento do processo", finalizou o relator, dando provimento ao recurso do trabalhador para anular a decisão e determinar o retorno do processo à Vara de origem, para que seja realizada audiência de produção de provas e julgamento.

Palavras-chave: Atraso; Tolerância; Audiência; Punição; Horário; Trabalho; Direito

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3 Comentários

C.A.Gonçalves Advogado01/09/2011 11:40 Responder

Linda a decisão do TRT. O juiz deve reconhecer o que versa os arts. 815 e, 58 da CLT, observa-se que houve imprudência na decisão do juiz.

Sergio Jose Administrador01/09/2011 13:53 Responder

Garanto que se fosse contra a EMPRESA esta nao seria a decisao do TRT, que já vi outras. É a JUSTIÇA DO TRABALHADOR, cega para a empresa e a favor do TRABALHADOR, coitado, pobre, nao sabe de nada, nem ler, nem escrever, igonorante e hipossuficiente, precisa desta justiça para ajudá-lo.

lARA ADVOGADA01/09/2011 15:34 Responder

QUANDO OS DOUTOS MAGISTRADOS ATRASAM AS AUDIÊNCIA, TUDO BEM,NÃO É??? JUIZ INFELIZ!!!!DEVE SER UM BABACA COMO OS OUTROS QUE SOFREM DE JUIZITE!! TEM UM BANDO DE JUIZES ENTTRANDO AGORA NA MAGISTRATURA QUE NUNCA ADVOGARAM.QUE NOJO ESTÁ NOSSA ADVOCACIA...

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