Assembleia Geral da ONU aprova resolução apresentada por Brasil e Alemanha contra espionagem

Trecho que dizia que a espionagem doméstica e internacional constitui ?violação dos direitos humanos? foi suprimido

Fonte: Opera Mundi

Comentários: (0)




A Assembleia Geral da ONU aprovou na noite desta quarta-feira (18), por consenso entre os 193 Estados-membros, o projeto de resolução sobre “O Direito à Privacidade na Era Digital”, apresentado por Brasil e Alemanha no mês passado. O projeto passa a ter validade imediata.


"Reafirmamos o direito à privacidade, segundo o qual ninguém deve ser objeto de ingerências arbitrárias ou ilegais em sua vida privada, sua família, sua residência ou sua correspondência", diz o texto da resolução. A resolução faz menção ao artigo 12 da Declaração Universal dos Direitos Humanos e ao artigo 17 do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, que citam o direito dos cidadãos de se proteger dessas práticas.


No entanto, o trecho que dizia que a espionagem doméstica e internacional podem constituir “violações dos direitos humanos” foi suprimido. Durante as negociações, foram feitas concessões para acomodar as preocupações expressadas por vários países, entre eles Estados Unidos e Reino Unido, segundo a agência Efe.


O texto exorta os países a respeitar e proteger o direito à privacidade, inclusive no contexto das comunicações digitais, após lembrar que os direitos das pessoas também devem estar protegidos na internet, incluindo a privacidade.


O projeto também exige que os Estados adotem medidas para acabar com essas violações e criem as condições necessárias para impedí-las, garantindo que a legislação nacional se ajuste a suas obrigações em virtude do direito internacional.


A resolução pede aos países que examinem seus procedimentos, práticas e legislação sobre vigilância e intercepção das comunicações e o armazenamento de dados pessoais, incluindo monitoramento e intercepção em grande escala.


O texto expressa "profunda preocupação" pelos possíveis efeitos negativos aos direitos humanos causados pela vigilância e a intercepção das comunicações.


A medida não é vinculante, mas tem peso simbólico e, apesar de não mencionar diretamente os Estados Unidos, é uma resposta às revelações feitas pelo técnico Edward Snowden sobre as ações de espionagem sem permissão judicial e incluindo chefes de Estado, realizadas pela NSA (Agência de Segurança Nacional norte-americana). O texto vinha sendo negociando há meses, desde o escândalo gerado pelo vazamento das denúncias.


Segundo as informações vazadas, a presidente Dilma Rousseff e a chanceler alemã, Angela Merkel, estavam entre os alvos da espionagem, assim como a Petrobras. Segundo a imprensa, mais de 30 chefes de Estado e governo teriam sido alvo de espionagem pelos EUA.


Para o Itamaraty, a aprovação do documento “demonstra o reconhecimento, pela comunidade internacional, de princípios universais defendidos pelo Brasil, como a proteção ao direito à privacidade e à liberdade de expressão, especialmente contra ações extraterritoriais de Estados em matéria de coleta de dados, monitoramento e interceptação de comunicações”.


O Itamaraty considera ainda a resolução “inovadora, por expressar o reconhecimento de que os direitos dos cidadãos devem ser protegidos tanto offline quanto online”.


Pressão


Com a crescente pressão sobre o caso, a Casa Branca divulgou na quarta-feira (18) o relatório apresentado por uma comissão independente criada pelo presidente Barack Obama para recomendar mudanças no programa de espionagem da NSA.


Entre as recomendações feitas por cinco especialistas em inteligência e assuntos legais está a de que qualquer operação que envolva a espionagem de líderes estrangeiros tenha de ser autorizada pelo presidente e seus conselheiros, e não pelas agências de inteligência, e passe por uma avaliação detalhada de potenciais riscos econômicos e diplomáticos.


As mudanças a serem adotadas pelos EUA só serão anunciadas por Obama no próximo mês. Nesta semana, um juiz federal considerou a espionagem feita pela NSA inconstitucional.

Palavras-chave: direito digital espionagem

Deixe o seu comentário. Participe!

noticias/assembleia-geral-da-onu-aprova-resolucao-apresentada-por-brasil-e-alemanha-contra-espionagem

0 Comentários

Conheça os produtos da Jurid