O Grêmio está eliminado da Copa do Brasil. Em recurso julgado nesta sexta, dia 26 de setembro, pelo Pleno do STJD, o clube teve a pena de exclusão reformulada para a perda de três pontos no torneio e a multa total de R$ 54 mil mantida. Por ter perdido a primeira partida contra o Santos por 2 a 0, o Grêmio automaticamente está fora por não ter chance de classificação. Com a decisão, não haverá o segundo duelo entre as equipes.

Punido em primeira instância coma exclusão no torneio, o clube gaúcho recorreu na tentativa de reverter a pena em última instância e permanecer na competição. Em julgamento, o Procurador Geral, Dr. Paulo Schmitt, destacou a gravidade do caso e pediu aos auditores a mesma punição aplicada ao clube Bento Gonçalves.

“A Procuradoria espera dessa corte é o mesmo tratamento. Se foi contra o Bento Gonçalves que é mais tímido do ponto de vista de participação e importância, se espera o mesmo tratamento com o clube que disputa a Série A. Casos como esse que envergonham e mancham o cenário do futebol é preciso que se puna. A Procuradoria pede a manutenção das penas e requer o aumento da multa e a perda de mando autorizada no artigo 243-G do Código. Clube e torcida é uma coisa só e quando teve a oportunidade de um novo encontro vaiou o goleiro onde deveria ter aplaudido o mesmo pela coragem”, afirmou o Procurador Geral.

Em defesa do Grêmio, os advogados Gabriel Vieira e Michel Assef Filho reiteraram o pedido para manter a equipe no torneio e reforçaram que um ato isolado em meio a mais de 30 mil torcedores não pode prejudicar uma equipe de mais 100 anos no futebol nacional.

“O Grêmio nunca ficou em silêncio e luta a quase 10 anos contra o racismo e o que ocorreu foi por minoria”, disse Gabriel Vieira.

“Analisando do ponto de vista do bom senso. A decisão é desproporcional ao fato. O que se viu foram cinco pessoas e apenas uma disse a palavra macaco. Os outros fizeram gestos e o que vi foram pessoas em gestos contra os que estavam discriminando. Sem entrar na parte técnica, qualquer um lá fora acha absurdo o Grêmio ser excluído da competição”, completou Michel Assef Filho.

O relator do processo, auditor Paulo Cesar Salomão Filho justificou antes de votar. “Não considero o Grêmio um clube racista ou o povo do sul como racista. Acredito que qualquer decisão ela não termina com o racismo no futebol. Tenho que votar com minha consciência. Estamos em busca de um objetivo único que é tentar melhorar o futebol. Ninguém discute as injúrias raciais contra o goleiro do Santos, os fatos são incontroversos. A questão é exclusivamente jurídica”, disse o relator.

Logo após, Salomão aplicou a perda de três pontos ao Grêmio e manteve a multa aplicada pela Comissão Disciplinar totalizando R$ 54 mil. O voto foi acompanhado pelos demais auditores.

Com relação a arbitragem, os auditores votaram e, por maioria dos votos, reduziram a pena do árbitro Wilton Pereira Sampaio pela metade, ou seja, 45 dias de suspensão e multa de R$ 800. O mesmo ocorreu com o quarto árbitro Roger Goulart que teve a suspensão de 60 dias reduzida para 30 dias e multa de R$ 500. Os árbitros assistentes foram absolvidos.