Após cinco anos, governo quer fim das brechas na Lei Maria da Penha

Lei Maria da Penha completa 5 anos de vigência, neste domingo (7). Supremo vai analisar se a lei está de acordo com a Constituição

Fonte: G1

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Criada para tornar mais rigorosa a pena contra quem agride mulheres, a Lei Maria da Penha completa neste domingo (7) cinco anos em vigor. Nesta sexta-feira (5), o governo comemora a data com um evento no Rio os avanços para a política da mulher, mas espera a validação da lei no Supremo Tribunal Federal (STF) para torná-la ainda mais eficiente.


Em muitas decisões, juízes chegaram a afirmar que a norma fere a Constituição e a igualdade entre homens e mulheres. Desde 2007, tramita no STF um pedido feito pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que a Corte declare a lei constitucional. A ação foi proposta pelo ex-presidente Lula para evitar brechas e uniformizar o entendimento da Justiça sobre a lei.


A ministra da Secretaria das Mulheres, Iriny Lopes, afirmou em entrevista ao G1 que a expectativa do governo é “positiva” em relação à manifestação da mais alta Corte brasileira.


É um presente que o STF dará não só às mulheres, mas à sociedade. É responsabilidade passar paz e confiança para essas mulheres que são agredidas perante os filhos. Nossa expectativa é positiva porque um agressor impetrou um habeas corpus no STF, e o voto do relator já indicava que não havia inconstitucionalidade na lei”, afirmou a ministra.


O julgamento de um habeas corpus , em março deste ano, foi uma amostra de como a atual composição do plenário do Supremo vê a Lei Maria da Penha. Por unanimidade, os ministros negaram o recurso de Cedenir Balbe Bertolini, condenado a prestar serviços à comunidade por ter dado empurrões em sua companheira.


Ele recorreu ao STF porque, de acordo com a legislação de processo criminal, é possível pedir suspensão do processo em casos de pena mínima de um ano. Mas a Lei Maria da Penha impede a concessão desse tipo de benefício aos agressores de mulheres.


Estamos aguardando a votação. Não se trata só de punir. A lei é muito abrangente. A lei já alterou a sociedade, ela ficou muito conhecida e pode até ter um caráter pedagógico”, disse a ministra Iriny Lopes.


Durante o julgamento, todos os ministros defenderam a validade da lei e lembraram a desigualdade que marca os casos de violência contra as mulheres. “[A lei], além de constitucional, é extremamente necessária porque é no seio da família que infelizmente se dá as maiores violências e as maiores atrocidade”, afirmou o ministro Dias Toffoli na ocasião.


"Todas as vezes em que uma de nós é atingida, todas as mulheres do mundo são. É a autoestima que vai abaixo. É esta mulher que não tem mais condições de cumprir seu papel com dignidade e estamos falando da dignidade humana”, declarou no julgamento a ministra Cármen Lúcia.


Diante dos ataques à Lei Maria da Penha, em junho de 2010, o então procurador-geral da República, Roberto Gurgel, também ajuizou uma ação pedindo que o Supremo defina uma contradição que provoca distúrbios na interpretação da lei.


A Lei Maria da Penha permite que o processo contra o agressor seja extinto se a mulher retirar queixa. Mas o ex-procurador pede que o Supremo interprete a lei de forma a não permitir que a queixa seja desfeita e, com isso, garanta “resposta a um quadro de impunidade de violência doméstica contra a mulher”. As duas ações são de relatoria do ministro Marco Aurélio Mello.


Balanço dos cinco anos


O serviço 180, usado para denúncias contra agressores, registrou desde abril de 2006, quando foi criado, até junho deste ano, 1.952 atendimentos. Dos registros, 434.734 (22,3%) registros são referentes à Lei Maria da Penha. Neste semestre, o 180 contabilizou 293.708 atendimentos- sendo 30,7 mil relatos de violência.


“O crescimento da utilização do serviço é contínuo nos últimos quatro anos. Cada vez mais o 180 é utilizado pela confiabilidade no serviço e garantia de anonimato de quem denuncia. As mulheres se sentem seguras e encorajadas ao usarem o 180”, disse Iriny.


A secretaria levantou o perfil da mulher que entra em contato com o serviço. Segundo dados da pasta, a maioria é parda (46%), tem entre 20 e 40 anos (64%), cursou parte ou todo o ensino fundamental (46%), convivem com o agressor há mais de dez anos (40%) e 87% das denúncias são feitas pela própria vítima.


O balanço registrou que 59% das vítimas declararam não depender financeiramente do agressor e, em 72% das situações, os agressores são os maridos das vítimas. Os números mostram, ainda que 65% dos filhos presenciam a violência e 20% sofrem violência junto com a mãe.


O estado de São Paulo lidera o ranking de procuras pelo 180 com 44, 4 mil atendimentos, seguido pela Bahia com 32 mil. Em terceiro lugar aparece Minas Gerais com 23,4 dos registros.


Desafios


Para a ministra Iriny Lopes, além da manifestação do STF, o desafio da lei é ampliar as redes de proteção nos Estados, como instalações de abrigos, delegacias e tratamento das vítimas.


 “A casa-abrigo é o fim da linha. É quando a mulher corre riscos dentro de casa e precisa ir para lá. Tem lugar no Brasil que não tem, por exemplo. Quando seremos vitoriosas? Quando estas casas virarem bibliotecas, pinacotecas. Por enquanto, precisamos ampliar a rede”, defendeu a ministra.


Com a Lei Maria da Penha, foram criados cerca de 50 juizados pelo pais especializados em violência doméstica. Mas ainda não estão instalados nos Estados de Sergipe, Paraíba e Rondônia. A ministra disse à reportagem que esteve na Paraíba e discutiu a instalação de juizados no Estado, mas ponderou que a decisão depende do Judiciário e governos estaduais.


Desde a criação da Maria da Penha, 110,9 mil processos de 331,7 mil foram sentenciados. Foram decretadas 1.577 prisões preventivas, 9.715 prisões em flagrante e 120.99 audiências designadas.


Do restante, foram 93.194 medidas protetivas, 52.244 inquéritos policiais e 18.769 ações penais. Os dados são do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), divulgados em março deste ano.

Palavras-chave: Lei Maria da Penha; Brecha; Agressão; Mulheres; Rigor

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3 Comentários

José Carlos advogado07/08/2011 16:47 Responder

Sou contra. já existe no Codigo Penal a punição para lesões corporais, ameaça, etc. Aqui só estão pensando em um dos lados. Exitem muitas mulheres sem caráter, ordinárias, que usam essa lei para tirarem proveito e extorquir o pai dos seus filhos. Sou a favor de penalidades para as \\\"perseguições\\\" ...tando de \\\"ex\\\" maridos como de \\\"ex\\\" esposas, namoradas, noivas, etc. A perseguição, é perigosa e a punição seja com afastyamento do lar conjugal, seja pela tentativa de \\\"posse\\\" há de ser punida pelo Estado, mas para ambos os sexos, não só em benefício das mulheres.

wilma advogada-prof.univ.12/08/2011 18:42 Responder

Esse foi mais uma providencia politiqueira do nosso ex presidente, para aparecer. Deu e dá ibope .Como salientou nosso colega acima, tudo que foi proposto ,a guisa de constatar se a lei fere ou não preceito constitucional, já está superado. a lei está em franco e excessivo Com efeito, se trata de bis in idem, tudo está claramente tratado nos diplomas legais pertinentes. Nos que militamos ,principalmente na área de direito de família vemos ,com uma certa frequencia, como as mulheres se aproveitam dessa Lei Maria da Penha, acusando os maridos de delitos imaginários. ,inclusive para tentar lhe tirar direito a visitas e outros.,Com essa lei discriminatória ,da qual se valem na maioria das vezes, injustamente, conseguem tumultuar o andamento dos feitos. Daí me coloco em total acordo com a sugestão do colega. ,A PERMANECER QUE SEJA PARA TODOS ,EM RESPEITO A UM DOS princípios básicos DA IGUALDADE ,de nossa Constituição.

Gilza Pate advogada12/08/2011 21:08 Responder

Concordo com os colegas acima, é um absurdo que se criem leis, quando já as possuímos, nosso codigo penal já prevê punição para violência, seja ela qual for. Não é necessário que seja mais punido quem agride mulheres, ou negros, ou homossexuais, ou seja lá quem for. Nesse quadro de espeficidads, o que será então dos que não são especiais? poderão ser agredidos os homens, comuns, as prostitutas, os carecas, as gordas, etc? Acho que temos muitos outros problemas a resolver, principalmente o tempo ocioso ( bem pago) de nossos legisladores.

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