Volta de Dilma à presidência seria virada complicada na política econômica, diz Pérsio Arida

Para presidente do BTG Pactual, gestão Temer está 'no caminho certo' e PIB crescerá em 2017.

Fonte: Folha de S.Paulo

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O economista Pérsio Arida, presidente do banco BTG Pactual, afirmou nesta sexta-feira (17) em Londres que o retorno da presidente Dilma Rousseff "seria uma virada complicadíssima na política econômica" do Brasil.


Dado o atual cenário, que Arida classifica como o "fim do ciclo populista", ele prevê uma reversão rápida do quadro de recessão. Segundo o economista, o Brasil encerrará 2016 com crescimento negativo de 3,3%, mas, já no próximo ano, verá o PIB (Produto Interno Bruto) crescer de 0,5% a 1%.


Na avaliação de Arida, ex-presidente do Banco Central no governo FHC e um dos idealizadores do Plano Real, "o alinhamento favorável de estrelas" pode ficar prejudicado caso Dilma, temporariamente afastada do cargo, consiga reverter o processo de impeachment no Senado e continue a impor uma grande interferência governamental na economia.


Arida afirma que as medidas adotadas pela equipe econômica do governo do presidente interino Michel Temer estão na direção certa de revisão das políticas populistas, marcadas por uma grande interferência governamental na economia.


"Se a Dilma volta, seria uma virada complicadíssima de politica econômica. [...] O volume de incerteza é enorme", disse Arida durante discurso de abertura do Brazil Forum UK 2016, evento que acontece na Inglaterra.


"NÃO É A LAVA JATO, NÃO É A CRISE INTERNACIONAL"


Defensor da tese liberal "mais mercado e menos governo", Arida afirma que a atual crise econômica no Brasil é reflexo do fim "ciclo populista" que começou no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e continuou na administração de Dilma.


"Não é a Lava Jato, não é a crise internacional. O Brasil é menos original que as pessoas pensam", disse o economista, lembrando que diferentes países da América Latina que adotaram conjuntos de medidas intervencionistas similares enfrentaram situações muito parecidas como a do Brasil agora, no sentido de desgaste político e econômico.


Para ele, talvez a grande novidade do país seja a interrupção de um ciclo populista com um impeachment. O "populismo" a que Arida se refere pode ser classificado, segundo ele próprio, como um total desrespeito com disciplina orçamentária, congelamento de preços, forte intervenção governamental em todos os mercados e políticas distributivas, com subsídios, distribuição de crédito e de incentivos fiscais para os mais pobres e também para os mais ricos.


RETÓRICA FALSA


"A ideia de que todo governo populista é voltado para os mais pobres é uma retórica poderosa, mas é falsa. Faz política distributiva para os mais pobres e para os mais ricos também", diz Arida, observando que o montante destinado ao programa Bolsa Família foi menor que os subsídios dados a grandes empresas em 2015.


Para Arida, o cenário econômico tende a melhorar por "um alinhamento de estrelas". Segundo ele, o Brasil pode sair do quadro de recessão do qual se encontra, e algumas distorções estão sendo minimizadas, como as relativas à taxa de juros e ao câmbio, que não está mais tão depreciado quanto antes.


O nível de confiança parou de cair e as exportações aumentaram, ainda que o deficit público e a distorção de crédito continuem sendo problemáticos, afirmou.


Mas a perspectiva de impor teto para gastos, proposta pelo ministro interino Henrique Meirelles (Fazenda), de acordo com Arida, vai ajudar a impedir o crescimento desordenado dos gastos públicos.


Para Arida, o Brasil precisa elevar sua produtividade para garantir um crescimento contínuo. Para isso, ele sugeriu inclusive abrir as fronteiras para imigração e investir em educação e formação. "A produtividade é chave para crescimento e crescimento é antidoto contra a pobreza".

Palavras-chave: Impeachment Dilma Rousseff Política Econômica Brasil Operação Lava Jato

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