Vice-presidente do TSE alerta para infiltração do crime organizado em partidos

Ministro Gilmar Mendes diz que proibir empresas legais de fazer doações abre caminho para ?práticas ilícitas?

Fonte: Estado de S. Paulo

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O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), alertou nesta segunda-feira (9) sobre o risco de o crime organizado se infiltrar nas estruturas partidárias a poucos meses das eleições gerais.


Para o ministro, que é vice presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o veto às empresas para doações nas campanhas abre caminho para organizações como o PCC, mais notória e agressiva facção do crime em São Paulo.


Em São Paulo, onde participou de um debate sobre guerra fiscal, Gilmar Mendes chamou a atenção para os “episódios recentes” em São Paulo.


O ministro não citou nomes, mas um capítulo recente da crônica policial mostra que, no dia 17 de março, o deputado estadual Luiz Moura (PT) participou de reunião com um grupo sob suspeita de integrar o PCC na garagem de uma cooperativa de ônibus na zona Leste da Capital.


Na ocasião, a Polícia Civil deteve 42, um deles condenado por assaltos a bancos. Luiz Moura alegou que participava de um encontro para tratar de melhorias no transporte público de massa. Na semana passada, ele foi suspenso pelo PT por 60 dias. A medida o alija da disputa pela reeleição.


Luiz Moura já foi condenado nos anos 1990 por roubo a mão armada no interior do Paraná e de Santa Catarina. Ele pegou 12 anos de prisão, cumpriu um ano e meio e fugiu. Depois, reabilitou-se tecnicamente, pelos critérios da Justiça.


Em 2010 elegeu-se deputado estadual pelo PT em São Paulo, com patrimônio declarado de R$ 5,1 milhões.


“A Justiça eleitoral e todo o sistema institucional devem dar toda a atenção e rigor na apuração sobre episódios recentes que mostram a integração do PCC na estrutura de partidos, é o crime organizado se enraizando na estrutura partidária, isso é muito perigoso”, advertiu o ministro.


Gilmar Mendes argumenta que “se isso (o PCC na política) ganha dimensões maiores estaremos diante de um quando muito preocupante”.


Está na pauta do Supremo o financiamento eleitoral. A maioria dos ministros do STF já votou pelo banimento das empresas privadas do processo de doações. Até aqui, por 6 votos, a 1 – alguns ministros anteciparam seus votos – a Corte máxima veta que pessoas jurídicas façam repasses a partidos.


Gilmar Mendes pediu vista dos autos. O julgamento deve ser retomado no início do segundo semestre.


“Eu quero alertar que tudo indica, a partir da realidade de São Paulo, que, de alguma forma, vamos estar admitindo o crime organizado na política. Devemos estar muito atentos quando ao aprofundamento dessas investigações.”


Para Gilmar Mendes, o risco maior é que o bloqueio às empresas privadas abra caminho “para financiamentos individuais, legitimando recursos ilícitos para campanhas eleitorais”.

Palavras-chave: tse doação para campanhas direito eleitoral irregularidades

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