Um golpe na democracia
Francelino Carlos de Souza, bacharel em direito pela Universidade Gama Filho - RJ - Pós-graduado em Direito Penal e Processo Penal pela Universidade Estácio de Sá - RJ - Policial Civil do Estado do Rio de Janeiro, há vinte anos na carreira.
Francelino Carlos de Souza ( * )
A recente Operação Hurricane da Polícia Federal, onde foram presos desembargadores, procurador da república, delegados federais, advogados e contraventores em geral, demonstra a força do crime organizado no Brasil.Não é de hoje que o Rio de Janeiro vem sendo sacudido com as investidas de diversos ramos do crime organizado, até mesmo o internacional.
O Poder Legislativo já vinha sendo alvo desses mafiosos há muito tempo, com financiamentos incontabilizáveis de campanhas. Agora, até mesmo o Poder Judiciário foi alcançado pelos tentáculos do crime organizado.
É mister que se combata com veemência essa praga, porque até mesmo a democracia brasileira estará fragilizada.
Que moral terá um juiz para sentenciar um ladrão pé-de-chinelo, se o próprio Poder Judiciário foi atingido pelo crime organizado?
Como ensinar a nossos filhos de que devem andar com retidão, respeitando às leis e às autoridades, se a todo instante vemos agentes públicos envolvidos com o crime organizado?
Já passou da hora dos cidadãos de bem se rebelarem contra essa impunidade generalizada e exigir das instituições a apuração séria dos fatos e uma vez comprovada a participação de cada um, exigir uma severa punição dos envolvidos.
Não podemos continuar de braços cruzados, porque a nossa omissão fortalece esses criminosos de colarinho branco, os quais vivem, na maioria das vezes, acobertados pelas brechas, propositadamente, deixadas na nossa legislação.
Nós já vimos esse filme antes. A defesa irá protelar as investigações com diversos recursos, com o intuito de que o caso caia no esquecimento e em seguida tentará a absolvição de seus clientes.
O Poder Judiciário e o próprio Ministério Público não podem pactuar com esse tipo de manobra e terão de correr contra o relógio e fazer uma assepsia na própria carne, retirando de seus quadros os seus agentes envolvidos.
A imprensa tem um papel relevante, na medida que tem o dever de informar tudo de forma imparcial e implacável, não permitindo que o fato caia no esquecimento.
Se ao final todos os envolvidos forem punidos e presos pelos crimes que cometeram eu poderei continuar ensinando a meu filho que vale a pena ser honesto.
Notas:
* Francelino Carlos de Souza, bacharel em direito pela Universidade Gama Filho - RJ - Pós-graduado em Direito Penal e Processo Penal pela Universidade Estácio de Sá - RJ - Policial Civil do Estado do Rio de Janeiro, há vinte anos na carreira. [ Voltar ]