STF recebe nova ADI sobre jornada de trabalho no Judiciário

Resolução determinou expediente dos órgãos jurisdicionais para atendimento de segunda a sexta das 9h às 18h

Fonte: STF

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Chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) mais uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4598) contra a resolução do Conselho Nacional de Justiça que trata sobre o expediente dos órgãos jurisdicionais para atendimento ao público e a jornada de oito horas diárias aos servidores do Poder Judiciário.


A ADI foi proposta pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) contra o artigo 1º da Resolução 130 do CNJ, publicada no dia 2 de maio de 2011. Esta resolução acrescentou os parágrafos 3º e 4º ao artigo 1º da Resolução 88 do próprio CNJ.


Para a AMB, ao editar a resolução, o CNJ praticou inconstitucionalidade “formal e material”, pois dispôs tanto sobre matéria de lei da iniciativa privativa do Poder Executivo, como sobre matéria de regimento dos tribunais, criando obrigação financeira de forma imprópria e violando o Pacto Federativo.


Isso porque a modificação introduzida pela Resolução 130 determinou que o “expediente dos órgãos jurisdicionais para atendimento ao público de segunda a sexta-feira das 9h às 18h, no mínimo. Além disso, previu também que "no caso de insuficiência de recursos humanos ou de necessidade de respeito a costumes locais, deve ser adotada a jornada de oito horas diárias, em dois turnos, com intervalo para o almoço".


Para a AMB, a resolução do CNJ impõe aos tribunais condutas que somente os próprios tribunais poderiam estabelecer ou exigências que somente a lei poderia criar. Alega que tal matéria é de competência legislativa da União e dos Estados, sendo a iniciativa reservada ao chefe do Poder Executivo e do Poder Judiciário, conforme previsto na Constituição Federal (artigo 61 , parágrafo 1º, inciso II, alínea “c” e artigo 96). A ADI afirma que a determinação é “inaceitável e inconstitucional”.


A associação sustenta ainda que reconhece “a possibilidade de o CNJ recomendar aos tribunais a edição de lei que entendesse necessária, desde que fosse preservada a autonomia própria de cada Corte para deflagrar, a seu próprio juízo e conveniência, o processo legislativo de sua iniciativa reservada”.


Aponta também que a resolução gerou duas fontes de aumento de gastos públicos. A primeira decorrente do aumento da jornada mínima diária e a segunda decorrente da imposição do horário de expediente.


Para atender a essas duas obrigações, por mais que os tribunais consigam fazer ajustes internos, não há como negar que, se o servidor trabalhava seis horas, ao passar a trabalhar oito horas terá de receber a remuneração equivalente para as duas horas a mais que trabalhará”, defende ao destacar que esta jornada de trabalho é superior à mínima prevista no Estatuto dos Servidores Públicos aplicada aos tribunais federais.


Com esses argumentos, pede liminar para suspender a eficácia da  Resolução 130 do CNJ e, no mérito, que a mesma seja declarada inconstitucional.


O Supremo deverá se manifestar sobre o mesmo tema nas ADIs 4586, 4312 e 4355.


ADI 4598

Palavras-chave: STF; Expediente; Contestação; Expediente; Jornada; Juduciário

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2 Comentários

Márcio Luiz dos Reis Advogado18/05/2011 9:58 Responder

Em que pese vigir o Instituto do Devido Processo Legal- Ampla Defesa e Contraditório, lamenta-se a posição da AMB - Associação dos Magistrados do Brasil, órgão classista, a quem incumbe zelar pelas prerrogativas da classe. É notório em todos os rincões da pátria, a insatisfação da sociedade com vista aos serviços prestados pelo poder público - leia-se JUSTIÇA. Como se admitir uma jornada a menor para uma seleta categoria, quando se cobra jornada a maior para as demais outras, estas, sofridas, como se dá conta. Demais disso, a população que com seu suor faz a economia do país crescer e se manter, repudia a posição corporativista de quem compete aplicar a Lei e a Justiça. Vamos trabalhar, produzir, fazer jús aos salários que recebemos. Trabalhar não mata e dignifica.

Leila Cruz Vieiria advogada18/05/2011 10:24 Responder

Concordo plenamente com o colega Márcio. Pelo volume de trabalho no judiciário, deveria haver expediente contínuo e trabalho por turnos...

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