'Sabia que Deus ia me ouvir', diz Suzane

Fonte: Globo Online

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"Está vendo, doutora? Eu sabia que Deus ia me ouvir". Essa foi a frase dita pela ex-estudante Suzane Louise von Richthofen, de 21 anos, à diretora do Centro de Ressocialização Feminina (CRF) de Rio Claro tão logo soube da concessão do hábeas corpus. Ré confessa, Suzane deixou a unidade às 17h desta quarta-feira, sob gritos de "assassina", "matou os pais tem de pagar", de um grupo de aproximadamente 100 moradores da cidade.

Antes de deixar a cadeia, Suzane passou pelo salão de beleza, onde fez escova e foi maquiada pelas colegas. Dez minutos antes de sair, ela foi apresentada aos jornalistas, ainda dentro da unidade, pela diretora Irani Torres.

"Não tenho nada a declarar. Depois, marco uma coletiva". Esta foi a única afirmação da moça de rosto delicado, que vestia blusa de moletom vermelho, com desenho do Pernalonga no peito, e calça jeans. O rosto de menina medrosa é o mesmo de 8 de novembro de 2002, quando Suzane foi presa junto com o namorado, Daniel Cravinhos de Paula e Silva, e o irmão dele, Cristian. Os dois mataram os pais de Suzane, Manfred e Marísia Richthofen, a pauladas, em 31 de outubro de 2002. Após o crime, Suzane e Daniel foram a um motel.

Com as bochechas vermelhas e aparentando estar mais saudável do que antes, Suzane é, porém, um pouco diferente da moça de 19 anos que ficou por duas semanas presa no 89º Distrito (Portal do Morumbi). Na ocasião, ela disse às colegas de cela: "Estou arrependida. Já aconteceu e não tem mais volta. Agora, sonho diariamente com os meus pais". Na época, estava mais magra, vestia blusinha, short e sandália de borracha, doados pelas presas.

Há 10 meses em Rio Claro, Suzane foi transferida da Penitenciária Feminina após ser ameaçada de morte durante uma rebelião. Segundo a diretora do CRF, as presas tentaram extorquir a ex-estudante em São Paulo. Por conta disso, ela foi levada ao interior onde, em poucos meses, recebeu centenas de cartas. Mas nenhuma foi lida e, por isso, acabaram sendo encaminhadas à família dela.

Em pelo menos duas transferências de presas para o CR, a diretora Irani recebeu telefonemas anônimos. As vozes diziam: "Esta presa nova esta indo para Rio Claro só para matar a Suzane" Porém, nenhuma das ameaças se converteu em violência física. Na noite de terça-feira, quando soube da liberdade, Suzane comemorou junto com as outras 117 detentas da unidade.

- É costume aqui as presas festejarem a liberdade. Elas fazem inclusive correntes de orações para que isso ocorra - disse Irani.

Durante o período no CRF, Suzane teve a mesma rotina das mesmas colegas. Fez oficinas de produção de bijuterias, de costura, tricô, cabeleireira, além de ter aulas de canto, ioga e ginástica. Como atividade diferencial, ensinou inglês e alemão e atuou como assistente no pavilhão de enfermagem - fazia curativos e cuidava de presas doentes. Como as colegas, acordava às 7h e ficava acordada até às 22h. Mas não saía para trabalhar, como outras moças do centro de ressocialização. Aos sábados, freqüentava cultos religiosos, sempre usando o tradicional uniforme bege do sistema prisional.

Suzane nunca recebeu a visita do irmão, Andreas, em seu período no CRF, garante a diretora.

- Ela fará falta aqui para as reeducandas. Sempre foi muito quieta e tímida, de poucas palavras, mas um exemplo de disciplina - disse Irani, que comparou a fisionomia de Suzane à de uma boneca Barbie. Suzane dividia um alojamento, com televisão, com outras 14 mulheres.

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