Presos no AM reclamam de morosidade do Judiciário
Pressionado pelas mortes e tentativas de rebelião das últimas semanas no sistema prisional do Estado, o presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM), Arnaldo Carpinteiro Péres, visitou nesta segunda-feira detentos da Cadeia Pública Desembargador Vidal Pessoa. Foi lá que na semana passada , um preso foi morto durante motim no raio C da unidade prisional. O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, secional do Amazonas (OAB-AM), Alberto Simonetti, e o secretário de Estado de Justiça e Cidadania (Sejus), Lélio Lauria, também participaram da visita e ouviram, junto a Carpinteiro, reclamações de detentos sobre a demora nos trâmites de seus respectivos processos.
O clima na Vidal Pessoa é de aparente tranqüilidade. Uma semana após a tentativa de motim, na qual 60 presos do raio C estiveram envolvidos, os detentos demonstravam calma dentro do que se pode esperar de pessoas encarceradas. Mesmo assim, a visita do presidente do TJ-AM foi cercada de cuidados. Dezenas de policiais da Ronda Ostensiva Cândido Mariano (Rocam) fizeram a escolta da comitiva de Péres. A área por onde Carpinteiro passou foi isolada pela PM.
Logo após sua chegada, o presidente do TJ-AM conversou com os detentos que tomavam banho de sol. Separados por apenas uma grade, o representante do Judiciário e os presos tiveram um encontro que, muitas vezes, não acontece da maneira correta nem em tempo hábil. Questionado sobre a situação do sistema penitenciário do Amazonas, Carpinteiro admitiu que a situação seja de colapso, mas fez uma ressalva: "Há uma crise, sim, mas não só aqui no Estado. Há uma crise em todo o Brasil. Não podemos culpar apenas o Amazonas". O desembargador afirmou que vai intensificar as ações do "mutirão da Justiça" - esforço para revisar a pena de presos que ainda aguardam julgamento. "Acredito que isso vá aliviar a pressão em que vivem", diz. (A Crítica)