BRASÍLIA. O presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, afirmou ontem que, se a cotação internacional do barril do petróleo se firmar no patamar dos US$ 40, a estatal deverá fazer um novo reajuste no preço da gasolina. Dutra disse que a empresa está esperando para ver se a atual tendência de alta dos mercados internacionais se transformará num novo patamar. Já o aumento do preço do álcool ? devido ao reajuste de 12% dos produtores de cana-de-açúcar em julho ? será repassado imediatamente, com impacto de 1,5% nos preços da gasolina na bomba, afirmou o presidente da Petrobras.

Dutra explicou que no último reajuste, de 14 de junho, o aumento só foi autorizado quando a cotação média, que estava em US$ 30, estabilizou-se na casa dos US$ 35 depois de quase dois meses de volatilidade.

Dutra: Contratos de longo prazo evitaram defasagem

Agora, diz Dutra, o barril está mais caro há apenas duas semanas, o que não constitui prazo suficiente para confirmar a tendência de alta:

? Ao longo do ano, os preços praticados pela Petrobras têm aderência aos preços internacionais. Fazemos mudança nos preços quando há uma definição de mudança de patamar. Aumentamos quando subiu de U$ 30 para U$ 35. Agora esse patamar está oscilando entre U$ 40 e U$ 45, mas só há duas semanas. Estamos acompanhando e analisando a necessidade de um novo aumento.

O presidente da estatal explicou que o barril a R$ 44,24 (a cotação máxima de ontem) é o preço do dia-a-dia, no chamado mercado spot . Mas, segundo Dutra, a Petrobras tem outros contratos de fornecimento a longo prazo, com preços mais baixos e praticamente fixos, com outros parceiros, como Nigéria, Argentina e Arábia Saudita. Portanto, ele argumenta, não procede a tese de analistas de que os preços da Petrobras estão defasados em cerca de 30%.

? O que a Petrobras faz é um mix entre os preços no Brasil e os preços no mercado externo. Essas análises não refletem a planilha de custos da Petrobras. Nossos números são diferentes ? explica Dutra.

O presidente da Petrobras disse ainda que a decisão de aumentar pela segunda vez este ano os preços dos combustíveis não dependerá de aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Essa decisão é do Conselho de Administração da Petrobras. Mas ele lembra que, no último aumento, Lula foi comunicado:

? A Petrobras tem adotado uma postura cautelosa em relação a repasse de preços para o consumidor. Mesmo porque, quando há um aumento excessivo, isso se reflete na queda de vendas no mercado.

Distribuidoras vão repassar aumento no litro do álcool

Mas o compasso de espera só é válido para o aumento em decorrência da instabilidade do mercado externo. O aumento de 6% no litro do álcool (percentual no Rio) puxará automaticamente o preço da gasolina, diz Dutra. Isso porque o repasse será efetuado pelas distribuidoras, como a BR, na proporção do peso que o combustível tem na composição da gasolina: 25%, o que daria 1,5% de aumento nas bombas.

A BR , como todas as distribuidoras, deve fazer esse repasse do aumento do álcool para a gasolina, mas isso não tem nada a ver com a Petrobras ? disse Dutra.