OAB critica recuo de Dilma em votar projeto sobre sigilo de papéis

O presidente da OAB rebateu as alegações feitas por Sarney, de que o fim do sigilo eterno pode "abrir feridas"

Fonte: Folha Online

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O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ophir Cavalcante, criticou nesta terça-feira (14) a desistência da presidente Dilma Rousseff em dar prioridade para a votação do projeto que prevê o fim do sigilo eterno para documentos considerados ultrassecretos.


O Planalto decidiu tirar a urgência do texto e, questionado pela Folha, disse que "o governo Dilma sempre apoiou o projeto enviado pelo ex-presidente Lula", que prevê a possibilidade de renovação indefinida do sigilo.


Cavalcante disse lamentar a decisão do governo. "Lamento que o recuo de Dilma esteja ocorrendo em razão de pressões pessoais por parte dos ex-presidentes da República José Sarney [PMDB-AP] e Fernando Collor de Melo [PTB-AL], que não querem revelar documentos secretos de seus mandatos", afirmou em nota.


"Não se sabe porque eles não querem divulgar os arquivos e o que estão a esconder. No entanto, interesses particulares não podem se sobrepor à vontade da sociedade, que é de divulgação completa da história deste país para que, a partir daí, se possa reescrevê-la", disse.


Cavalcante avalia que o recuo do governo talvez aponte para o recrudescimento da Comissão da Verdade e pode indicar uma manobra para que não se divulgue, em futuro próximo, os arquivos e documentos das duas gestões do governo Lula.


O presidente da OAB rebateu as alegações feitas por Sarney, de que o fim do sigilo eterno pode "abrir feridas".


"A história precisa ser conhecida e não tenho dúvidas de que quem perderá com isso tudo será a cidadania deste país, que terá vetada a possibilidade de acessar a sua história", concluiu.


PROJETO


Em 2009, o governo Lula mandou projeto ao Congresso reduzindo para 25 anos o caráter sigiloso dos papéis ultrassecretos, mas manteve o dispositivo que permitia a prorrogação indefinida.


Lula, à época, arbitrou em favor do Itamaraty e da Defesa, setores que defendiam a manutenção do sigilo. Dilma, então na Casa Civil, era contra, mas foi voto vencido.


Na Câmara, com a atuação da base governista, os deputados aprovaram uma emenda acabando com o sigilo eterno. O texto, então, foi para o Senado, e a presidente determinou que a base agilizasse a votação do projeto como veio da Câmara.


Um dos relatores do projeto nas comissões do Senado, Walter Pinheiro (PT-BA), disse que trabalhará com o entendimento de que o prazo para o fim do sigilo conta a partir de quando se pede acesso ao documento, e não a partir da data do papel.


Ou seja, quando a pessoa pedir o documento, uma comissão irá analisar o pedido e poderá determinar os 25 anos de sigilo, prorrogáveis por mais 25. Assim, Pinheiro acredita ser possível convencer Sarney, Collor e outros senadores a aprovar o texto.

Palavras-chave: Sigilo; Dilma; Recuo; Projeto; Documentos secretos; Sarney

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4 Comentários

ROCHA advogado15/06/2011 10:09 Responder

Em se tratando de um Estado Democrático de Direito, resta inconcebível que seja negado acesso, a todos os cidadãos e a todos os documentos do poder público. A história nao pode ser escrita por homens com o perfil de Sarney e Collor que, evidentemente têm razões para manter o sigilo, pois, assim nao o fosse, tomariam posição contrária a tomada. Alguem que conte, como eu, com 75 anos de idade solicita um documento e espera 50 anos para obtê-lo. Vão, certamente, entregá=lo no CEMITÉRIO SANTO ANTONIO, situado na \\\"Cabeceira Alegre\\\" e será levado pelo Sarney. Iremos sentar e discutir o que se passou. Se necessário quebraremos os ossos. (A caveira apaixonada de Vicente Celestino e, ainda, de Alvarenga e Ranchinho. Será que alguém se lembra?).

Liamar Bacharel em Direito15/06/2011 15:26 Responder

Estou com o Sr. Dr Rocha. Vivemos em um Estado Democrático e não na Ditadura, esse tempo passou graças a Deus. Outra coisa muito importante saber, é que a titularidade do poder constituinte emana do povo, ele é permanente. Então todos nós devemos ter acesso a todos os documentos do poder público.

WILMA S.M.PINTO advogada15/06/2011 18:07 Responder

É isso aí colega Rocha, comungo com sua opinião. Acrescen to que esses políticos devem estar muito comprometidos,negativamente, com relação a esse expediente vexatório, anti democrático, de impedir que conheçamos parte de passado, históriico de nosso país. Deve ser algo muito sério, principalmente desses ex presidentes que relutam tanto em manter o segredo,ATÉ MESMO AQUELES QUE SE DIZEM VÍTIMAS DAQUELE REGIME DA DITADURA. ; O mais idoso-o Sr.Sarney até arrisca ao justificar um dos motivos da negação, que irá abrir feridas. Pergunta-se= De quem? por que está mais preocupado com algumas feridasdo que deveria estar com o respeito á DEMOCRACIA ? Eles se esquecem de que são representantes do povo e em nome dele devem agir.,não têm nada de querer ou não querer. Esse mesmo povo brasileiro que os elegeram, tanto como governantes como membros do Con gresso QUER SABER ,CONHECER ESSA PARTE DA HISTÓRIA DE SEU PAÍS. SEM ESPERAR POR DECURSO DE TEMPO, QUE DIVULGUEM A IMPRENSA, ÓRGÃO COMPETENTE PARA TAL., MAS SEM NENHUM LIMITE DE PRAZO. E ESSA ATITUDE CONSTITUI SIM UM ABUSO DE PODER. SE NÃO ME FALHA A MEMÓRIA ,UM DESSES PERSONAGENS ALARDEAVA QUE A VERDADE DEVE SER DITA \\\" DOA A QUEM DOER\\\", MESMO QUE TENHA QUE \\\"CORTAR A PRÓPRIA CARNE\\\" Logo podem .pefeitamente \\\"abrir uma ferida,\\\"

Gilza advogada17/06/2011 14:57 Responder

Faço minhas as palavras da colega que me antecedeu e lembro, por oportuno que um ex-presidente que agora é contra a revelação desses sigilos, tambem adorava a TRANSPARENCIA, mas tudo leva a crer que , a mesma se tornou até INVISÍVEL. HAJA TRANSPARENCIA. !

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