MPF/PA: associação de poupança com suspeita de fraude deve ser investigada
Vivenda está em liquidação desde 1985, mas existem denúncias graves de fraudes que podem ter lesado 130 mil pessoas
Vivenda está em liquidação desde 1985, mas existem denúncias graves de fraudes que podem ter lesado 130 mil pessoas
O Ministério Público Federal no Pará (MPF/PA) entrou com ação civil pública na Justiça contra a Vivenda - Associação de Poupança e Empréstimo, o advogado Almir dos Santos Soares, ex-liquidante da Vivenda, e o Banco Central do Brasil (Bacen) para apurar casos de possível fraude e omissão de fiscalização nas transações de liquidação da Vivenda. O total das fraudes pode chegar a R$ 52 milhões.
"Embora ainda não haja uma conclusão final sobre a ocorrência das fraudes alegadas, o Ministério Público Federal entende que os indícios já existentes são suficientes para que o caso receba uma maior apuração, ante o risco de prejuízo para uma série de consumidores", diz o procurador da República Bruno Soares Valente, responsável pelo caso.
A acusações de fraude foram feitas pelo atual liquidante e advogado da Vivenda, Alberto de Lima Freitas, que afirma que o liquidante anterior, Almir Soares, teria cometido diversos crimes contra o Sistema Financeiro Nacional. Ele teria embolsado R$ 14 milhões irregularmente, a título de honorários, além de deixar um rastro de contas não pagas e ter tentando vender imóveis da Associação em seu favor.
Almir é ainda acusado de falsificar o saneamento financeiro da Associação, o que significa que a Vivenda pode estar devendo a seus associados cerca de R$ 52 milhões. O dinheiro pertencia a cerca de 130 mil associados de todo o Brasil. Pessoas de baixa renda e escolaridade, que abriam poupança para comprar a casa própria e perderam tudo.
O Banco Central entrou na ação como réu porque se omitiu em fiscalizar a liquidação da Vivenda, que já perdura por 25 anos. Até agora, as acusações contra Almir dos Santos Soares nunca foram investigadas pela autoridade máxima do sistema financeiro. A liquidação da Vivenda é do tipo ordinária, que não exige a intervenção do Bacen, mas, diante das graves acusações contra o ex-liquidante, o MPF acredita que a autarquia tem que agir.
Em fevereiro deste ano, o MPF já tinha pedido, e obtido, uma medida cautelar para suspender qualquer ato de alienação de bens, créditos ou pagamentos de credores, salvo os gastos ordinários para manutenção da Vivenda. A Justiça também já determinou que o Banco Central do Brasil intervenha na liquidação, mesmo que continue sendo do tipo ordinária. O Bacen tem que apresentar em 90 dias relatório de fiscalização sobre a Vivenda.
Com a ação civil pública, o MPF quer ver confirmadas as medidas de cautela, e pede ainda a nomeação de um interventor para gerenciar a liquidação. A pedido do MPF, a Polícia Federal também abriu um inquérito apurando os fatos. O processo tramita na 2ª Vara da Justiça Federal e pode ser consultado com o número 2010.39.00.002314-2 no site www.pa.trf1.gov.br