Ministério Público Federal afirma que versão de caixa 2 apresentada por Santana é falsa

Ex-marqueteiro de PT João Santana e mulher sãos réus na Lava Jato. Eles afirmaram a Sérgio Moro que houve caixa 2 na campanha de 2010.

Fonte: G1

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O Ministério Público Federal (MPF) afirma que a versão do caixa 2 apresentada pelo ex-marqueteiro do Partido dos Trabalhadores (PT) João Santana e pela mulher dele Mônica Moura é falsa, assim como a anterior, quando o casal disse que os recursos eram provenientes de campanha em Angola.


Os procuradores contestam a versão dos dois, que alegaram desconhecer que os recursos vinham do esquema da corrupção da Petrobras.


Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância, João Santana e Mônica Moura afirmaram que o pagamento de US$ 4,5 milhões feito pelo engenheiro Zwi Skornick foi de caixa dois da campanha presidencial de Dilma Rousseff (PT), em 2010, mas que eles não sabiam a origem do dinheiro. A oitiva ocorreu em julho.


Os procuradores dizem que João Santana e Mônica Moura sabiam que os recursos recebidos por Zwi Skornick eram de corrupção e que consentiram em receber do empresário, três anos depois da eleição de Dilma Rousseff.  A quantia, conforme o MPF, era de aproximadamente R$ 10 milhões.


Os procuradores tambem afirmam não acreditar que a motivação para encobrir a verdade em um primeiro momento fosse poupar a presidente Dilma Rousseff.


"Apesar do esforço argumentativo feito por Mônica Moura e João Santana, observa-se claramente a incoerência e falsidade da tese defensiva. A análise conjunta dos fatos e das versões apresentadas pela acusada e por seu esposo João Santana revelaram claramente que o intuito da alteração de versão foi unicamente o de tentar induzir em erro o juízo, uma vez que a narrativa – também falaciosa – apresentada inicialmente pelos acusados perante a autoridade policial já estava claramente desacreditada diante dos elementos concretos demonstrados nos presentes autos".


O G1 tenta contato com o advogado do casal.


Estas ponderações do MPF foram colocadas nas alegações finais do processo referente à 23ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Acarajé, deflagrada em fevereio. As alegações finais foram protocoladas no sistema eletrônico da Justiça Federal do Paraná na noite de terça-feira (23) e são a última etapa na tramitação da ação penal, antes da sentença do juiz.


Os procuradores também voltaram a destacar que João Santana não era apenas mero prestador de serviços para o PT, mas que tinha "intensa relação" com a alta cúpula do partido.


Pedido de condenação


Além disso, o MPF reforçou o pedido da condenação judicial contra João Santana, Mônica Moura, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e mais quatro réus nesta ação penal. Entre os crimes citados estão lavagem de dinheiro, organização criminosa e corrupção.


O casal está em liberdade provisória desde o dia 1º de agosto, e Vaccari, que já foi condenado pela Lava Jato, está preso no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, desde março de 2015.


No documento, o MPF pediu a absolvição do operador Zwi Skornicki e do ex-gerente da Petrobras Eduardo Musa por um crime de lavagem de dinheiro.


As investigações da 23ª fase acusam Santana de receber US$ 3 milhões de offshores ligadas à Odebrecht, entre 2012 e 2013, e US$ 4,5 milhões de Zwi Skornicki, entre 2013 e 2014. Zwi é representante no Brasil do estaleiro Keppel Fels e, segundo o MPF, foi citado por delatores do esquema como elo de pagamentos de propina.


Confira os réus e os respectivos crimes


1) Zwi Skornicki - operador: organização criminosa, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.


2) João Santana - marqueteiro: corrupção passiva, lavagem de dinheiro.


3) Monica Moura - mulher de Santana: corrupção passiva, lavagem de dinheiro.


4) João Ferraz - ex-diretor da Sete Brasil: organização criminosa, corrupção passiva.


5) Renato Duque - ex-diretor da Petrobras: corrupção passiva.


6) João Vaccari Neto - ex-tesoureiro do PT: corrupção passiva, lavagem de dinheiro.


7) Eduardo Musa - ex-gerente da Petrobras: organização criminosa, corrupção passiva.


Liberdade provisória


No dia 1º de agosto, João Santana e Monica Moura deixaram a carceragem da Polícia Federal (PF), em Curitiba, onde estavam detidos desde fevereiro deste ano.


O casal teve o pedido de liberdade provisória concedido pelo juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, mediante pagamento de fiança.


A decisão estipulou fiança de R$ 28,7 milhões para Monica, montante que já tinha sido bloqueado pela Justiça. Para João Santana, a fiança estipulada foi R$ 2.756.426,95, valor correspondente ao que também já foi bloqueado das contas correntes dele. O dinheiro está sob custódia do Judiciário, e a destinação final dele depende da sentença dada pelo juiz no final do processo.


Durante o período de liberdade, Monica e João Santana não poderão deixar o país e nem manter contato com outros acusados da Operação Lava Jato. Eles também não podem trabalhar direta ou indiretamente em campanhas eleitorais no Brasil.

Palavras-chave: Operação Lava Jato Petrobras Corrupção Caixa 2 PT Campanha Eleitoral Dilma Rousseff

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