Ministério da Justiça reúne estatísticas do crime, mas esbarra em dados imprecisos
Lançado, Sinesp permite a comparação de estatísticas de criminalidade, mas informações fornecidas pelos estados apresentam falhas
O Ministério da Justiça (MJ) lançou nesta quarta-feira um portal com dados sobre a criminalidade nos estados. As estatísticas do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp) já estão disponíveis e permitem comparações entre seis tipos de crime: homicídio doloso, lesão corporal seguida de morte, roubo de carro, furto de carro, estupro e latrocínio. Mas o banco de dados apresenta fragilidades.
O próprio ministério admite dificuldades na padronização das informações, que são enviadas pelos órgãos dos estados e do Distrito Federal. Um caso de homicídio por vezes é registrado como "encontro de cadáver". Além disso, a falta de informatização nas unidades policiais gera dados imprecisos
Alguns números divulgados no Sinesp são suspeitos. O Acre, por exemplo, teria registrado apenas dois casos de estupro em todo o ano de 2012 - Roraima, que tem uma população menor, teve 245 ocorrências do tipo. A taxa de estupros por 100.000 habitantes ficaria, portanto, em irreais 0,27 no Acre - enquanto, em Roraima, foi de 52,81. Segundo dados do 7º Anuário Brasileiro de Segurança, em 2012 a taxa de estupros no Brasil foi de 26,1 casos por 100.000 habitantes.
Para aumentar a confiabilidade das estatísticas, o governo vai bloquear os repasses de recursos para estados que não alimentarem adequadamente o banco de dados nacional.
Até poucos anos atrás, o Ministério da Justiça dependia dos dados do Sistema Único de Saúde (SUS) para consolidar as estatísticas sobre crimes violentos, como homicídio. O Sinesp é uma tentativa de obter dados mais exatos. "Havia a necessidade de termos um abastecimento melhor dos dados, com um padrão metodológico uniforme", avalia o ministro da Justiça. Mas o novo sistema ainda está longe de representar a realidade.