"Isso tem que ter fim"

Sandra Mara Devincenzi da Silveira da Silva, Socióloga, Jornalista (DRT/RS 13.573), acadêmica de Direito. E-mail: sandrasilva33@yahoo.com.br

Fonte: Sandra Mara Devincenzi da Silveira da Silva

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Só um povo sem consciência toma conhecimento de uma enxurrada de escândalos de seus governantes e não se posiciona com galhardia.

Desde 2005 há uma sucessão de desatinos administrativos envolvendo diversas autoridades eleitas ou nomeadas com provas cabais apresentadas pelo Ministério Público posteriormente às primeiras denúncias trazidas pela imprensa, aliás a grande defensora dos limites entre a dignidade e a indecência.

O novo descalabro envolvendo autoridades via cartões corporativos não terminou com a demissão da ministra da Igualdade Racial. Pelo contrário, foi o início do fio que está desenrolando um novelo de arame farpado.

Já estão expostos nos principais veículos de imprensa do país outros desatinos sensacionais. Gilberto Gil, que se transformou em ministro "pop star" também vai ter de explicar a despesa significativa de 79 mil no VisaNet utilizada por seus assessores. O mago da música está de péssimo humor por causa disso e ainda rebate dizendo que em dois espetáculos recebe mais do que isso. Sejamos perdoados pelos adoradores de Gil, mas como artista ele que faça o que bem entende com seus milhões, mas como autoridade respeite o povo e as instituições. Mesmo que esse exorbitante valor não tenha sido usado pessoalmente por ele, tinha o dever como titular do Ministério de tomar conhecimento de como estavam sendo utilizados os recursos de sua Pasta. Precisamos de ministros e gestores públicos que trabalhem e cuidem da administração de seus setores e não de garotos com propagandas enganosas.

O resto de fevereiro e meses seguintes vai ser para explicações de muita gente que equivocadamente utilizou os cartões corporativos. Além de desatentas nossas autoridades nomeadas são ineficientes, pois segundo têm declarado desconheciam como utilizar corretamente os cartões. Isso mostra que as pessoas que estão dirigindo o país não estão capacitadas para esse exercício.

Se o Brasil fosse um país sem problemas sociais e com serviço público de nível satisfatório os cartões corporativos poderiam ser instrumentos para cada vez mais oferecer agilidade e eficácia em algumas ações das autoridades. Entretanto sabemos que isso é mito. Enquanto os que podem se locupletam, os que não podem viram defuntos nos deficitários hospitais da rede pública, crianças continuam fora das escolas, indivíduos mendigam porque não encontram emprego ou partem para o mundo do crime perdendo a dignidade e causando violência.

Segundo foi apurado chega a 13 mil o número de usuários de cartões corporativos com possibilidade de saques em dinheiro na boca do caixa dos bancos conveniados sem a necessidade de revelar o destino do dinheiro. Dos 75,6 milhões de reais gastos com os cartões apenas 19 milhões foram sob fatura. Os restantes 58 milhões não tiveram comprovação.

A sociedade está em choque ou não se apercebeu do que isso representa num país que diz estar em estado de direito?

"Isso tem que ter fim", também!


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1 Comentários

Luiz de Carvalho Ramos Advogado10/04/2008 8:37 Responder

Dra. Sandra Mara Devincenzi da Silveira da Silva, imaginemos o que não sabemos dos "subsolos". Certamente, faria corar àquele que recebia do seu povo, anualmente, o seu peso em ouro (Ali Khan). A meu juízo, uma coisa é verdade: a rapinagem é uma violência, com o detalhe de que é incontrolável. Infelizmente.

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