Ex-diretor da Petrobras receberia até 50% por contrato

Documentos mostram comissão que ex-diretor da Petrobras receberia

Fonte: G1

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Novos documentos apreendidos pela Polícia Federal e exibidos pelo Fantástico mostram detalhes dos negócios feitos pela consultoria do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e empresas que tinham contratos com a Petrobras.

 


A PF apreendeu na casa de Costa, no Rio de Janeiro, planilhas onde o ex-diretor da Petrobras listava as empresas que contrataram os serviços da Costa Global, consultoria criada depois que ele saiu da Petrobras em 2012.

 

O ex-diretor da Petrobras mantinha um controle detalhado de todas operações que ele intermediava entre a Petrobras, empreiteiras e fornecedores. É justamente essa riqueza de informações que está ajudando a Polícia Federal a descobrir as ligações dele e o tamanho da rede que ele operava.

 

Numa das planilhas obtidas pelo Fantástico, aparece ao lado do nome das empresas a porcentagem que o ex-diretor da Petrobras receberia caso conseguisse contratos para elas. Em muitos casos, a comissão é de 50%.

 

Costa e o doleiro Alberto Youssef, suspeito de chefiar suposto esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, foram presos pela operação Lava Jato. Segundo as investigações, o esquema pode ter movimentado cerca de R$ 10 bilhões.

 

Operação Lava Jato

 

A operação Lava Jato foi deflagrada em 17 de março. Na ocasião, a PF executou mandados em Curitiba e outras 16 cidades do Paraná, além de cidades de outros seis estados.

 

Na sexta-feira (11), foram cumpridos 16 mandados de busca, quatro de condução coercitiva (quando o suspeito é levado para depor) e um de prisão temporária nas cidades de São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Macaé e Niterói. Os documentos recolhidos e os R$ 70 mil apreendidos nesta segunda fase da operação Lava Jato foram levados para a Superintendência da Polícia Federal (PF) no Paraná, em Curitiba.

 

O Fantástico teve acesso com exclusividade a novos documentos apreendidos na casa do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa. Ele foi preso pela Polícia Federal na Operação Lava-Jato. Paulo Roberto e o doleiro Alberto Youssef são suspeitos de participar de um esquema de lavagem de dinheiro que pode ter movimentado R$ 10 bilhões.

 

Esses novos documentos mostram detalhes de negócios feitos entre a consultoria de Paulo Roberto e empresas que tinham contratos com a Petrobras. A reportagem é de Fernando Parracho e James Alberti.

 

A Polícia Federal apreendeu na casa do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa documentos e planilhas onde ele listava as empresas que contrataram os serviços da Costa Global, a consultoria que ele criou depois que saiu da Petrobras, em 2012.

 

Paulo Roberto mantinha um controle detalhado de todas as operações que ele intermediava entre a Petrobras, empreiteiras e fornecedores. É justamente essa riqueza de detalhes que está ajudando a Polícia Federal a descobrir as conexões de Paulo Roberto Costa e o tamanho da rede que ele operava.

 

Em uma planilha, a que o Fantástico teve acesso, Paulo Roberto anotava ao lado do nome das empresas, a porcentagem que ele receberia, caso conseguisse contratos para elas.

 

Chama a atenção que em muitos casos, a comissão do ex-diretor da Petrobras é de 50%. Uma das empresas é a Astromarítima Navegação S.A., que funciona no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Em outubro do ano passado, a Astromarítima assinou com a Petrobras seis contratos de serviço de fretamento de embarcações. No total, aproximadamente R$ 490 milhões, em valores convertidos no câmbio deste domingo (13).

 

A empresa assinou ainda um outro contrato com a Petrobras em janeiro de 2014, no valor de mais de R$ 69 milhões, pelo câmbio deste domingo.

 

Em 28 de novembro de 2013, um mês após a assinatura do primeiro contrato da Astromaritima com a Petrobras, Paulo Roberto Costa menciona a empresa em uma planilha.

 

Na coluna referente ao Success Fee, a comissão que a Costa Global receberá da Astromarítima, caso tivesse sucesso no negócio, seria de 5% do valor bruto, mais 50% não especificados.

 

Mas, este acerto aparece detalhado em outro documento aprendido pela Polícia Federal. É uma espécie de contabilidade feita por Paulo Roberto dos negócios da Costa Global.

 

No trecho em que se refere aos contratos em andamento, o documento confirma que a Astromarítima Navegações S.A. pagaria comissão de 5% do valor bruto, até o limite de R$ 110 milhões, e mais 50% sobre o montante que ultrapassasse este valor.

 

“Essas anotações se referem a contratos obtidos pela empresa do Paulo Roberto, declarados e legais e que, nesse caso, se refere a tentativa de investimento ou venda desta empresa. Nenhuma relação com a Petrobras”, afirma Fernando Augusto Fernantes, advogado do Paulo Roberto Costa.

 

O doleiro Alberto Youssef, que foi preso com Paulo Roberto Costa, pela Polícia Federal durante a Operação Lava-Jato, no mês passado, também aparece nestas planilhas.

 

Em um balanço contábil de negócios feitos entre novembro de 2012 e junho de 2013, Paulo Roberto registrou entradas de R$ 1 milhão e 60 mil, parte em euros, parte em dólares. E atribuiu a origem deste dinheiro, a uma pessoa que ele chama de "primo".

 

A investigação da Polícia Federal aponta que "primo" é o apelido de Alberto Youssef, algumas vezes também chamado de "Beto". Ele e Paulo Roberto teriam operado o esquema de lavagem de dinheiro que movimentou US$ 10 bilhões em quatro anos.

 

'Balcão de negócios'

 

O deputado Fernando Franceschini, do Solidariedade, membro da comissão externa criada pela Câmara Federal para investigar os contratos da Petrobras com a empresa holandesa SBM, quer que a comissão investigue também os contratos suspeitos de terem sido intermediados pelo ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa.

 

Para o deputado, Paulo Roberto usou a Petrobras para levantar uma quantia milionária.

 

“As denúncias são gravíssimas novamente. Mostram que o senhor Paulo Roberto, diretor da Petrobras à época, montou um balcão de negócios dentro da sua atividade. Dividindo lucro de negócios escusos, usando o doleiro Alberto Youssef para lavar esse dinheiro, que muitas vezes ia parar nas campanhas políticas”, destaca Fernando Francischini, deputado federal do Solidariedade / PR.

 

O advogado de Paulo Roberto Costa, Fernando Fernandes, disse que o cliente dele não responde a manifestações políticas de pessoas que, segundo ele, estão se aproveitando do momento eleitoral. Quanto aos 50% de comissão que estão destacados na planilha apreendida pela Polícia Federal, ele diz que se referem à metade de 5%, o que daria um total de 7,5% de comissão sobre o contrato fechado.

 

A produção do Fantástico conseguiu localizar um dos sócios da Astromarítima. Alcir Bourbon Cabral informou, por telefone, que o único contato que a empresa teve com a Costa Global, de Paulo Roberto Costa, foi na busca de novos investidores. Mas não deu certo, e nenhum contrato foi fechado com a intermediação dele.

 

Segundo Alcir Cabral, os contratos que a Astromarítima tem com a Petrobras foram submetidos às concorrências previstas por lei.

 

A Petrobras confirmou que tem contratos com a Astromarítima desde a década de 1980. Mas disse que, neste domingo (13), não conseguiria dar mais detalhes.

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