Estudantes da USP desocupam prédio após manifestação

Alunos serão indiciados por dano ao patrimônio público e desobediência à ordem da Justiça

Fonte: G1

Comentários: (0)




Estudantes da Universidade de São Paulo (USP) contrários à prisão de 73 manifestantes que invadiram a reitoria caminharam no começo da tarde desta terça-feira (8) até o 91º DP (Ceasa), na Rua Gastão Vidigal, na Zona Oeste de São Paulo, onde os colegas estão detidos. Polícia Militar acompanhou o deslocamento.


Ao tomar conhecimento da caminhada, o delegado da Central de Flagrantes Oeste José Carlos Gambarini afirmou que não considerava prudente a organização qualquer manifestação diante do 91º DP (Ceasa). A marcha em direção ao distrito começou por volta das 12h30 e, pouco antes das 13h, o grupo já se concentrava na frente da delegacia.


O delegado Edvaldo Faria, da central de flagrantes que funciona no 91º DP, informou que o valor da fiança foi reduzido de R$ 1.050 para R$ 545.


Os estudantes detidos nesta madrugada por não cumprir a determinação judicial de deixar a reitoria da universidade serão indiciados por dano ao patrimônio público e desobediência à ordem da Justiça. Mais cedo, a polícia tinha informado que eles também seriam responsabilizados por dano ambiental devido às pichações feitas nas paredes do prédio.


Os estudantes também serão investigados pela polícia por formação de quadrilha. De acordo com Rodrigues, a polícia esteve no prédio da reitoria e constatou que as câmeras de segurança e portas foram destruídas e paredes estão pichadas. O edifício foi invadido por alunos contrários à presença da PM na Cidade Universitária, na capital paulista, desde quarta-feira (2).


A reintegração


A reintegração de posse começou no fim da madrugada após os estudantes definirem em assembleia na noite de segunda que não cumpririam uma decisão judicial para deixar a reitoria no prazo estipulado. As equipes do 2º Batalhão de Polícia de Choque (BP Choque) deixaram o quartel da corporação, na região da Luz, Centro de São Paulo, por volta das 4h30 e chegaram 40 minutos depois à Cidade Universitária. Eles arrombaram portas do prédio da reitoria.


Um grupo de estudantes gritava palavras de ordem contra a presença da PM no campus e houve correria de manifestantes. A Polícia Militar usou dois helicópteros Águia para acompanhar a reintegração de posse.


Após a reintegração, alunos favoráveis ao movimento tentaram bloquear com mesas e cadeiras as entradas de outro prédio da USP. Desta vez, o alvo do protesto foi no curso de Letras. Houve um princípio de tumulto envolvendo universitários que desejavam entrar para acompanhar as aulas. Após a confusão, a faculdade decidiu suspender as atividades nesta terça.


Por volta das 11h, o Batalhão de Choque continuava posicionado em toda a Cidade Universitária, onde deve permanecer até que a desocupação seja concluída.


"A ação do Choque permanece até concluir a desocupação. Depois, a perícia chegar, ver quais foram os danos e terminar toda a operação. Aí continua o policiamento diário [no campus]”, informou a coronel Maria Yamamoto, porta-voz da PM. Cerca de 400 homens e 50 carros da corporação estavam no campus pouco antes das 7h.


Segundo a coronel Maria Yamamoto, não houve enfrentamento. "Eles [alunos] foram pegos de surpresa, não tiveram nenhuma reação, não houve o uso de nenhum tipo de arma. A chegada foi silenciosa. Em menos de dez minutos, o prédio já estava ocupado e eles, contidos”, explicou. "A polícia chegou, conteve os estudantes, os levou para o lado de fora e em seguida voltou com eles para dentro do prédio para que fossem revistados", completou a policial.


Maus-tratos


Domenico Colacicco, um dos diretores do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), disse à imprensa que os alunos detidos estão sendo maltratados. Segundo o Sintusp, os alunos não podem sair dos ônibus, estão sem direito à água, não podem ir ao banheiro. Os celulares deles foram confiscados. Alguns membros do sindicato classificam o tratamento com “tortura”.


O que diz a defesa dos alunos


Felipe Gomes da Silva Vasconcelos, um dos advogados dos estudantes que ocuparam a reitoria, considerou “arbitrária” a ação da PM. Segundo ele, ocorreu “militarização e ocupação de toda a USP”. O advogado informou que soube que alguns estudantes que foram presos, na biblioteca e na faculdade de arquitetura da USP, antes mesmo da retirada dos demais manifestantes da reitoria.


Ele classifica os detidos como “presos políticos”, porque a ocupação teve caráter político e foi “uma manifestação que sempre se buscou o diálogo”. Vasconcelos declarou que vai estudar medida contra a retirada dos estudantes da reitoria. Ele afirmou que também pretende estudar uma possibilidade de fazer com que o campus não permaneça vigiado pela Polícia Militar.


Reforço no policiamento


O porta-voz da Polícia Militar, major Marcel Soffner, afirmou nesta terça que o policiamento no campus da USP será reforçado em virtude dos últimos acontecimementos. O número de carros e policiais, no entanto, não será informado por questões estratégicas.

Palavras-chave: Advogado; Justiça; Decisão; Alunos; USP

Deixe o seu comentário. Participe!

noticias/estudantes-da-usp-desocupam-predio-apos-manifestacao

0 Comentários

Conheça os produtos da Jurid