Eike está em Nova York a trabalho e negocia volta ao Brasil com a PF, diz advogado

Empresário teve a prisão decretada na Operação Eficiência por pagar pagar propina a Cabral, segundo MPF.

Fonte: G1

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O empresário Eike Batista está combinando com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, através de seu advogado Fernando Martins, seu retorno ao Brasil. Ele teve a prisão preventiva decretada e foi alvo de uma busca durante Operação Eficiência, na manhã desta quinta-feira (26).


Segundo o Ministério Público Federal, ele pagou propina para uma organização criminosa chefiada pelo ex-governador do Rio Sérgio Cabral. Outros oito acusados, incluindo Cabral, tiveram a prisão decretada.


Eike Batista não foi encontrado em sua casa, no Jardim Botânico, porque está nem Nova York a trabalho. Segundo seu advogado, "tem interesse em voltar o mais rápido possível".


Martins contou ao G1 que falou algumas vezes com Eike nesta quinta-feira (26) e que o empresário não esperava ser alvo da operação.


"Ele está surpreso em função de tudo que aconteceu de uma hora para outra, mas não está nervoso, está tranquilo", afirmou o advogado.


O advogado disse que vai decidir com a PF e o MPF quando será o retorno de Eike. "Agora à tarde, vamos combinar como tudo será realizado, mas não posso afirmar se o Eike volta ainda hoje. Nos falamos algumas vezes hoje e ele está à disposição para esclarecer tudo".


Fernando ainda revelou que Eike não teme estar preso na mesma situação que o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral. "Não há o que se comparar com Cabral. Eike é uma pessoa privada, um empresário, não tem nenhum envolvimento com dinheiro público".


Eike deixou o Brasil na terça-feira (24), antes de ter a prisão preventiva pedida pelo juiz federal Marcelo Brêtas. A Operação Eficiência foi desencadeada na manhã desta quinta, sem encontrar Eike Batista em casa.


Interpol acionada


Um mandado de prisão internacional será pedido pela Polícia Federal à Interpol para o empresário, com cumprimento imediato. Uma das hipóteses é de que Eike Batista tenha usado um passaporte alemão para deixar o país.


De acordo com o delegado Tacio Muzzi, a informação de que ele estaria fora do país só chegou ao conhecimento da PF nesta madrugada.


“Na primeira hora de hoje levantou-se a possibilidade de uma reserva para um voo da American Airlines, voo 974, com destino a Nova York, chegando na parte da manhã. Agora, a Polícia Federal já está em pleno contato com a Interpol, primeiro para localizar, para verificar se ele efetivamente chegou à Nova York. Essa informação não foi confirmada ainda, mas a Interpol já está verificando no âmbito da cooperação policial”, afirmou o delegado em coletiva da Operação Eficiência. A PF ainda investiga a possibilidade de Eike ter deixado o país utilizando passaporte alemão.


PF investiga vazamento


A Polícia Federal apura se houve vazamento da operação. A PF recebeu os mandados de prisão preventiva da Justiça Federal na quarta-feira. A inserção no sistema para proibição de saída do País só ocorreu, portanto, depois que Eike já estaria fora do país.


Os investigadores afirmam que a operação não conseguiu determinar completamente como foi lavado o dinheiro dos participantes do esquema.


"O patrimônio da organização comandada por Sergio Cabral é um oceano ainda não mapeado", disse Leonardo Freitas, Procurador da República.


Acusações


Eike Batista é acusado de pagar propina para conseguir facilidades em contratos com o governo, quando governador era Sérgio Cabral.


O Ministério Público Federal apura um repasse de R$ 1 milhão de uma das empresas de Eike ao escritório de advocacia da mulher de Sérgio Cabral, Adriana Ancelmo.


Além disso, investiga o pagamento de propina no valor de US$ 16,5 milhões a Sérgio Cabral. O repasse desta quantia foi relatado ao Ministério Público Federal por dois delatores, os irmãos Renato e Marcelo Chebar, apontados pelos promotores como os operadores financeiros do esquema criminoso comandado pelo ex-governador.


O empresário já foi o homem mais rico do Brasil e chegou a figurar entre os dez bilionários do mundo. Ele viu seu império ruir com a derrocada da petroleira OGX, que acabou causando um efeito dominó nas outras empresas do grupo.


Outros alvos


Além de Eike Batista, outras oito pessoas são alvos de mandados de prisão preventiva na Operação Eficiência. Uma delas é Flávio Godinho, braço-direito de Eike na empresa EBX, hoje vice-presidente de futebol do Flamengo. Ele é acusado de ser um dos operadores do esquema, através da ocultação e lavagem de dinheiro das propinas que eram recolhidas das empreiteiras que faziam obras públicas no Rio de Janeiro.


Também foram presos nesta quinta: Thiago Aragão Gonçalves Pereira e Silva, advogado e sócio de Adriana Ancelmo (mulher de Sérgio Cabral); Álvaro Jose Galiez Novis e Sérgio de Castro Oliveira. Além de Eike Batista, a PF ainda tenta cumprir o mandado de prisão preventiva contra Francisco de Assis Neto.


Outros três mandados foram expedidos contra investigados que já estão presos: o ex-governador Sérgio Cabral, Wilson Carlos e Carlos Miranda, respectivamente ex-secretário e ex-assessor de Cabral. Os três estão presos no complexo penitenciário de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste do Rio.


Esta é a terceira vez que o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, expede mandados de prisão contra Cabral, Wilson e Carlos.


De acordo com o MPF, a organização criminosa liderada por Cabral teria movimentado entre agosto de 2014 e junho de 2015, cerca de R$ 39,7 milhões. Wilson Carlos teria US$ 15 milhões no exterior. Miranda, US$, 7 milhões.


Defesas


Os advogados do ex-governador Sérgio Cabral não atenderam a ligação da equipe de reportagem.


A defesa de Wilson Carlos afirmou que continua com a posição só de se manifestar nos autos do processo.


A defesa de Carlos Miranda informou que não vai se manifestar. O advogado Fernando Martins, que disse representar Eike, informou que ele está em Nova York a trabalho e que vai se entregar quando voltar ao Rio. Disse ainda que o cliente não vai deixar de fornecer todas as informações à Justiça.


A equipe de reportagem não conseguiu contato com Sérgio de Castro Oliveira, Francisco de Assis Neto e Flávio Godinho.

Palavras-chave: MPF PF Operação Eficiência Propina Corrupção Lavagem de Dinheiro Operação Lava Jato

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