Egito aprova lei que transforma assédio sexual em crime

99% das mulheres egípcias maiores de 18 anos já sofreram algum tipo de agressão, diz ONU

Fonte: Opera Mundi

Comentários: (0)




O presidente interino do Egito, Adly Mansur, aprovou um decreto que transforma assédio sexual em crime. A medida é uma resposta ao problema que se tornou uma epidemia no país. De acordo com dados da ONU, 99% das egípcias maiores de 18 anos foram vítimas de algum tipo de assédio durante a vida. As agressões ocorrem até mesmo à luz do dia e em locais movimentados como festas, parques e manifestações.


Para Soraya Bahgat, cofundadora do Tahrir Bodyguards (Tahir guarda-costas), grupo que atende mulheres vítimas de agressões sexuais durante protestos, a emenda é "um grande primeiro passo". Mas advertiu que ainda restam muitas áreas cinzentas, incluindo a incerteza sobre como as vítimas dos ataques em grupo – comuns na capital, Cairo, - podem recorrer à polícia.


A lei representa avanço por punir efetivamente os abusadores com multas e penas que vão de seis meses a cinco anos de prisão, dependendo da gravidade da abordagem e da reincidência, e responde a uma das principais críticas de ativistas do país quanto à falta de penalidade específica para este tipo de agressão. Apesar disso, organizações feministas consideram a medida insuficiente por não criar os mecanismos necessários para que ela seja aplicada.


Entre as deficiências, ativistas apontam a existência de uma série de exigências para a vítima provar que o delito existiu. De acordo com o texto, é necessário que haja várias testemunhas que não tenham nenhuma relação com a vítima, dispostas a atestar diante de um juiz que o fato realmente ocorreu.


Além disso, o governo também não criou mecanismos suficientes para aplicar a lei, em especial programas de formação da polícia. Segundo os informes, os agentes policiais são um dos coletivos mais propensos ao assédio sexual juntamente com estudantes e taxistas.


Difícil avanço


O presidente eleito do Egito, Abdel fatá Al Sisi, que tomará posse no próximo domingo (08), não tem uma posição favorável ao empoderamento feminino. Em 2011, quando integrava a Junta Militar, Al Sisi justificou publicamente a realização de provas de virgindade à força em várias ativistas detidas.

Palavras-chave: direito internacional assédio sexual egito violência contra mulher machismo

Deixe o seu comentário. Participe!

noticias/egito-aprova-lei-que-transforma-assedio-sexual-em-crime

0 Comentários

Conheça os produtos da Jurid