Caso WikiLeaks: entenda

Site que divulgou informações 'secretas' de diversos países gera polêmica. Lula critica prisão de fundador, classificando evento como cerceamento à liberdade de expressão

Fonte: Jornal Jurid

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Alvo de debates desde a semana passada, o site WikiLeaks e seu criador Julian Assange, dividem diferentes posições entre empresas e governos, após a divulgação de mais de 250 mil documentos diplomáticos do Departamento de Estado dos Estados Unidos.


O site de vazamento de documentos secretos ganhou notoriedade pela primeira vez em meados deste ano, quando divulgou um vídeo no qual militares dos Estados Unidos fuzilavam iraquianos de um helicóptero.


Desde julho de 2007, o site tem publicado documentos delicados por meio do que descreve como "vazamento com princípios", abrigando ao todo mais de 1 milhão de documentos, desde o manual da prisão de Guantánamo até a lista de filiados do Partido Nacional britânico, de extrema-direita.


O Wikileaks é considerado um novo ícone do jornalismo investigativo e também vem sendo duramente condenado como risco à segurança internacional.


 Sabe-se pouco sobre a origem e as dimensões de seu financiamento. Recentemente, Assange declarou viver como nômade, carregando um computador em uma mochila e suas roupas em outra.


Este ano, o site voltou a chamar atenção ao tornar públicos mais de 250 mil documentos do governo norte-americano envolvendo também outros países, como Brasil, Paraguai, Arábia Saudita, Suécia Irã e outros. Os documentos são despachos diários trocados por mais de 270 embaixadas e consulados em todo o mundo, desde 1966.


Segundo informações da Polícia Metropolitana de Londres, Assange, que está preso desde a última terça-feira, foi acusado de ter praticado crimes sexuais contra duas mulheres na Suécia, em agosto deste ano. Ele é acusado de coerção ilegal, abuso sexual e estupro. Entretanto, a lei da Suécia sobre estupro é peculiar e deixa dúvidas quanto ao caso, pois lá, deixar de usar preservativo durante a relação sexual, mesmo sob consenso, pode fazer com que um homem se torne um estuprador.


Posição Brasileira


O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou nesta quinta-feira (09/11) a prisão de Julian Assange. Lula teria classificado a prisão do fundador da Wikileaks como um "cerceamento à liberdade de expressão na internet".


"O rapaz estava apenas colocando aquilo que ele leu. E se ele leu porque alguém escreveu, o culpado não é quem divulgou, o culpado é quem escreveu. Portanto, em vez de culpar quem divulgou, culpe quem escreveu a bobagem, porque senão não teria o escândalo que tem", afirmou o presidente.


Dentre o material divulgado pelo WikiLeaks, estão documentos nos quais o ministro da Defesa, Nelson Jobim, classifica o secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães, como alguém que "odeia os Estados Unidos". A citação foi feita pelo então embaixador americano no Brasil, Clifford Sobel.


Lula ainda se queixou de não ter visto protestos contra a prisão de Assange. " É engraçado. Não tem nada, nada pela liberdade de expressão e contra a prisão de um rapaz que estava fazendo um trabalho melhor do que o de muitos embaixadores", afirmou. "Então, WikiLeaks, minha solidariedade pela divulgação das coisas e meu protesto contra o cerceamento da liberdade de expressão", completou o presidente.


Segundo Lula, Assange desnudou a diplomacia americana "que parecia inatingível, a mais certa do mundo".

 

Conteúdo de algumas mensagens secretas, divulgados pelo Estadão

 

BRASIL

Lei antiterror
Dilma é responsabilizada por barrar projeto de lei em 2008

 


Plano de Defesa
EUA dizem que submarino nuclear é elefante branco

 


Bolívia
Ministro da Defesa disse que Evo Morales teria tumor nasal

Olimpíada no Rio
EUA julgam inadequada a preparação para a Copa e os Jogos. Brasil temeria ataque

 

Venezuela
Lula teria negociado com EUA apoio à oposição venezuelana

 

MUNDO
Espionagem na ONU
Foram coletados dados biométricos até do secretário-geral, Ban Ki-moon

 

Irã
Países árabes pediram aos EUA que atacassem o país

 

China
Governo contratou equipe de hackers e atacou o Google

Armas nucleares
EUA têm ogivas na Alemanha, Holanda, Bélgica e Turquia

 

China
Pequim poderia abandonar a Coreia do Norte

 

Israel
Governo consultou palestinos e Egito antes de atacar Gaza

 

Irã
Teerã estuda comprar urânio de Venezuela e Bolívia

 

Egito
País ameaçou produzir arma nuclear caso o Irã obtenha um arsenal atômico

 

EUA
Documento aponta lugares estratégicos para os EUA no Brasil e no mundo

 

Palavras-chave: Assange; Documentos; Informações; Wikileaks; Prisão

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3 Comentários

leopoldo costa advogado09/12/2010 20:15 Responder

Ilusão acreditar em liberdade de expressão. O fato é que a liberdade, tantas vezes defendida na midia( tv, radio, jornais etc) , é a que interessa as grandes corporações, aos grandes grupos econômicos. Todas as vezes que a verdadeira face de um emblema é corajosamente mostrada, o seu difulgador é perseguido, caçado e muitas vezes destruido. Onde estar a Globo, o Estadão, a Folha, a Veja ...., e seus comentaristas que tudo sabem.

jose carlos da silva faria Agente Seg. Penitenciário10/12/2010 1:08 Responder

Espero que continue a divulgação, mesmo que esteja Preso. Que os Países atingidos, aproveitem esta oportunidade, e de agora em diante, não acreditem nas promessas dos Americanos, eles falam umas coisas pela frente, e por traz outras. zombam dos Paises que querem se desenvolver, pois na realidade, não é o desejo deles, por eles, nós seremos sempre um País subdesenvolvdos, eles temem que outros Países no futuro tenham Armas Nucleaares, e não mais dependam deles. E no Brasil, falsos brasileiros, permitem que minerios, extrategicos sejam extraidos, e levados para o Estados Unidos. Sendo mineral raro, pois no USA, não possuem ele.

Everton C Alves Advogado10/12/2010 12:32 Responder

Não que Eu seja contra a Liberdade de Expressão, mas, sou contra \\\"HIPOCRESIAS\\\", até admiro o nosso Presidente \\\"Lula\\\", porém, vale lembrar-se de um fato não muito distante protagonizado neste país: O caso da expulsão do jornalista Americano Larry Rohter, correspondente do The New York Times no Brasil. Para nosssa reflexão, a mim parece que a Liberdade de Expressão quando defendida pelos interessados é muito Bonita, mas tem outra face quando atinge nossos interesses pessoais.

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