Advogada leva comida a Pimenta Neves e reclama de sujeira em cela

"Chega a ser trágico. Ele realmente está numa cela sozinho, mas nem um cachorro ficaria em um lugar sujo e sem higiene como o que ele está", disse Ferreira

Fonte: Folha Online

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A advogada do jornalista Antônio Marco Pimenta Neves, 74, compareceu ao 2º DP (Bom Retiro), no centro de SP, na manhã desta quarta. Maria José da Costa Ferreira levou comida ao seu cliente, que havia recusado o café da manhã oferecido pela delegacia.


Ferreira levou suco, água, pão e queijo para o jornalista, que está sozinho em uma cela desde a noite de ontem. Segundo a polícia, ele não dormiu durante toda a noite e andou pela cela a maior parte do tempo.


A advogada ainda reclamou das condições de higiene encontradas na cela de Pimenta Neves. "Chega a ser trágico. Ele realmente está numa cela sozinho, mas nem um cachorro ficaria em um lugar sujo e sem higiene como o que ele está", disse Ferreira.


Ela disse também que o vaso sanitário da cela em que Pimenta Neves está não funciona e não há água.


Procurados pela reportagem, policiais da delegacia disseram que o vaso sanitário funciona, mas é diferente do instalado normalmente nas casas, pois fica no chão. Policiais disseram também que o condenado possui água disponível na cela.


Ao deixar a delegacia, a advogada afirmou ainda que vai entrar com um pedido na comarca de Ibiúna (69 km de SP), onde Pimenta Neves foi julgado, para que ele seja transferido a uma penitenciária o mais rápido possível.


De acordo com a polícia, essa transferência deve ocorrer ainda hoje, mas o local exato para onde irá ainda não foi determinado.


PRISÃO


Pimenta Neves se entregou à polícia ontem após o STF (Supremo Tribunal Federal) negar, por unanimidade, o último recurso dele e determinar sua prisão imediata. O jornalista demonstrou tranquilidade ao chegar à delegacia, mesmo estando cercado de dezenas de jornalistas. "Eu estava esperando", afirmou à Globonews.


Assassino confesso da jornalista Sandra Gomide, ele havia sido condenado a 19 anos de prisão por júri popular, em 2006, mas conseguiu, no STJ (Superior Tribunal de Justiça), reduzir a pena para 15 anos, em regime inicialmente fechado.


O CASO


Sandra foi morta em 2000, em um haras, com dois tiros --um nas costas e outro na cabeça-- disparados pelo ex-namorado, que foi diretor de Redação do jornal "O Estado de S.Paulo".


Quase 11 anos depois de cometer o crime, Pimenta Neves continuava solto graças a diversos recursos propostos por sua defesa em diversos tribunais. Agora, assim que a Justiça paulista for informada, poderá emitir a ordem de prisão independentemente da publicação da decisão do Supremo. O aviso deverá ocorrer nas próximas horas.


"É chagado o momento de cumprir a pena", afirmou o ministro Celso de Mello, relator do recurso do jornalista, que contestava a condenação. "Esta não é a primeira vez que eu julgo recursos interpostos pela parte ora agravante, e isto tem sido uma constante, desde o ano de 2000. Eu entendo que realmente se impõe a imediata execução da pena, uma vez que não se pode falar em comprometimento da plenitude do direito de defesa, que se exerceu de maneira ampla, extensa e intensa".


A ministra Ellen Gracie chegou a dizer que o caso Pimenta Neves era um dos delitos mais difíceis de se explicar no exterior. "Como justificar que, num delito cometido em 2000, até hoje não cumpre pena o acusado?", afirmou, dizendo que a quantidade de recursos apresentados pela defesa do jornalista era um "exagero".


Neves não terá qualquer benefício por ter mais de 70 anos. Quem ultrapassa essa idade tem o tempo de prescrição da pena reduzido pela metade, mas como a pena do jornalista foi maior do que 12 anos, a condenação não prescreverá.


Segundo o Código Penal, quando alguém é condenado a mais de 12 anos de prisão, o tempo de prescrição é de 20 anos contabilizados a partir da condenação. No caso de Pimenta Neves, que tem mais de 70, esse tempo seria reduzido para 10 anos. Como ele foi condenado em maio de 2006, o caso só prescreveria em 2016.


Caso o jornalista consiga comprovar que tem algum problema de saúde, porém, ele poderá conseguir benefícios, como, por exemplo, a prisão domiciliar, mas isso não caberá ao STF decidir.


A Folha entrou em contato com o escritório de sua advogada, Maria José da Costa Ferreira, mas foi informada que ela está participando de reunião em Campinas (SP) e voltará no final da tarde. A reportagem deixou recado, mas não recebeu qualquer resposta até o momento.

Palavras-chave: Advogada; Pimenta Neves; Condição; Cela; Sujeira

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4 Comentários

lizana aposentada26/05/2011 10:44 Responder

SEMPRE SOUBE QUE O ADVOGADO É PEÇA NA DEFESA DE SEUS CLIENTES, MAS DAÍ A CRITICAR O SISTEMA PRISSIONAL NUNCA VI ISTO NA MINHA VIDA PROFISSIONAL. AO ADVOGADO CABE TÃO SOMENTE DEFENDER O SEU CLIENTE ATÉ ENTRADA DESTE NO PRESIDIO, O RESTO É COM A DIREÇÃO PRISSIONAL E FAMILIA DO DETENTO. AQUI JÁ ME CHEIRA A PRIVILÉGIOS,NÃO ESTOU GOSTANDO NADA DISSO! E ESSA MESMA ADVOGADA CONCEDEU ENTREVISTA DE QUE NÃO É A JUSTIÇA, MAS A LEI QUE POSSIBILITA ESSA VANTAGENS RECURSAIS, E O DINHEIRO, QUERIA VER ELA ADVOGANDO DE GRAÇA. ME AJUDA AI! PONTO. ESTE PAÍS É UMA PIADA. SERÁ QUE GONÇALVES DIAS ESTAVA CERTO, ACHO QUE NÃO \\\"DEUS\\\" NÃO Atendeu ao PEDIDO DELE DE VOLTAR VIVO A TERRA DA ALICE. MORRREU ANTES. LIZANA

DIENE LIMA PROCURADORA26/05/2011 10:58 Responder

criticar o sistema prisional faz parte do trabalho do advogado, se ele for combativo, entretanto, toda a população carcerária, está em situação péssima, não podendo apenas um ser privilegiado.

Paulo Lani Advogado26/05/2011 13:08 Responder

Infelizmente, nenhum ser (considerado animal ou não) deveria ficar em situação tão precária como é a encontrada no sistema carcerário. Erraram, sim, e merecem receber a pena correspondente. Mas, além dos presos em geral serem assim tratado, o que entristece é que muitas vezes, para satisfazer a ganância de alguns, muitos ficam sem remédios - pois estes muitas vezes faltam em postos de saúde - muitos ficam sem tratamento adequado nos corredores dos hospitais - porque não existe investimento suficiente e adequado em saúde - muitos filhos ficam sem ter uma chance de se recuperar de um vício - pois - os tratamentos são caros, etc. É incrível o choque que uma pessoa de uma realidade considerada mais digna sente quando se encontra em um meio que todos criticam, mas nada concreto fazem para melhorar. E só assim, com esse choque, que os cidadãos tomam consciência da situação da população carcerária. Uns diriam que é bom - já que desencoraja a delinquir, vez que todos temeriam \\\"ir para a cadeia\\\". Mas, de tudo, o pior é a situação da vítima do hoje condenado, que foi tratada com crueldade e impiedade, e foi condenada e banida de forma eterna do convivio de quem quer que seja.

Edson Estudante26/05/2011 14:43 Responder

Prezada Doutora, A senhora viu ontem os pais da menina assassinada? Acha que ela está em um caixão confortável? e acha justo levar 10 anos para se prender um réu confesso, que atira pelas costas em uma mulher... Eu faço Direito, mas esse tipo de advogado eu garanto que não vou ser... Advogado tem que buscar a justiça, está no estatuto da ordem, e não mudar sua opinião de acordo com o que o dinheiro pode fazer mudar, cometeu crime, tem que pagar... já deveria estar preso há muito tempo.. e todos sabemos que ele sairá, por motivo de doença, necessitando de tratamento especializado, para ficar em casa muito breve... finalizando, para mim, Direitos humanos é para quem é humano... e o preso não está lá para passar férias.

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