Servidor eleito e filiação previdenciária após a Reforma da Previdência

Uma das questões mais polêmicas do regime previdenciário dos servidores públicos sempre residiu na filiação previdenciária deste quando ele é eleito para ocupar um cargo público no parlamento no na chefia do Executivo.

Fonte: Bruno Sá Freire Martins

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Uma das questões mais polêmicas do regime previdenciário dos servidores públicos sempre residiu na filiação previdenciária deste quando ele é eleito para ocupar um cargo público no parlamento no na chefia do Executivo.


Até o advento da reforma da previdência muitos defendiam a possibilidade de filiação destes ao INSS sob o argumento de que este é o regime previdenciário destinado aos detentores de mandato eletivo, enquanto outros advogavam a tese de existência de um regime híbrido no qual haveria dupla filiação.


De forma que a contribuição previdenciária do servidor seria destinada ao seu regime próprio nos valores que tomassem por base a sua remuneração do cargo efetivo e o restante, caso a remuneração do mandato fosse maior, seria encaminhado ao Regime Geral.


Ambas as interpretações afrontavam diretamente a regra contida na Lei n.º 9.717/98 de que os servidores cedidos a outros Poderes manteriam sua filiação previdenciária, a qual é perfeitamente aplicável aos detentores de mandato eletivo pela similitude entre os institutos da cessão e da licença para exercício de mandato eletivo, nesses casos.


Especificamente quanto à segunda interpretação ainda havia o equívoco de permitir dupla filiação previdenciária pelo exercício de uma única atividade laboral, já que o servidor eleito, em regra, licencia-se para o exercício do mandato.


Como forma de resolver definitivamente a dúvida, a Emenda Constitucional n.º 103/19 inseriu o seguinte dispositivo no artigo 38:


Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições:


...


V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de previdência social, permanecerá filiado a esse regime, no ente federativo de origem.


Com isso, pois se fim à discussão à medida que não resta dúvida quanto à manutenção da filiação do detentor de mandato eletivo junto ao Regime Próprio, devendo-se, ressaltar, contudo que, nos casos de vereadores que exerçam concomitantemente o mandato e o cargo efetivo haverá dupla filiação.


No INSS pelo exercício do mandato e no Regime Próprio pelo cargo efetivo ocupado.


Bruno Sá Freire Martins

Bruno Sá Freire Martins

Servidor Público efetivo do Estado de Mato Grosso; advogado; pós-graduado em Direito Público e em Direito Previdenciário; professor da LacConcursos e de pós-graduação na Universidade Federal de Mato Grosso, no ICAP – Instituto de Capacitação e Pós-graduação (Mato Grosso), no Instituto Infoc - Instituto Nacional de Formação Continuada (São Paulo), no Complexo Educacional Damásio de Jesus - curso de Regime Próprio de Previdência Social (São Paulo); fundador do site Previdência do Servidor (www.previdenciadoservidor.com.br); Presidente da Comissão de Regime Próprio de Previdência Social do Instituto dos Advogados Previdenciários – Conselho Federal (IAPE); membro do Cômite Técnico da Revista SÍNTESE Administração de Pessoal e Previdência do Agente Público, publicação do Grupo IOB; escreve todas as terças-feiras para a Coluna Previdência do Servidor no Jornal Jurid Digital (ISSN 1980-4288) endereço www.jornaljurid.com.br/colunas/previdencia-do-servidor, autor dos livros DIREITO CONSTITUCIONAL PREVIDENCIÁRIO DO SERVIDOR PÚBLICO, A PENSÃO POR MORTE e REGIME PRÓPRIO – IMPACTOS DA MP n.º 664/14 ASPECTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS, todos da editora LTr e do livro MANUAL PRÁTICO DAS APOSENTADORIAS DO SERVIDOR PÚBLICO da editora Rede Previdência/Clube dos Autores e de diversos artigos nas áreas de Direito Previdenciário e Direito Administrativo.


Palavras-chave: Servidor Eleito Filiação Previdenciária Reforma Previdência Social INSS

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