Poderosa Virgem. Rainha Elizabeth I, Gloriana

A singular e grandiosa Inglaterra destinada a mudar frequentemente sobre o qual o reinado de Elizabeth I imprimiu traços que não se desvaneceram. Enfim, o perfil de Elizabeth I tem e teve sua contribuição efetiva para o mundo todo.

Fonte: Gisele Leite

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A praticamente ascensão de um mulher no comando do mundo nos faz evocar duas grandes soberanas da Inglaterra, a saber: Vitória e Elizabeth I.

Inegavelmente na História sempre existiram grandes mulheres que desempenharam importantes papéis e, isso possui um peculiar significado. Fosse na gestão de império ou comando militar.

Essas grandes mulheres mostram que suas habilidades e capacidades jamais podem ser subestimadas.

A Rainha Elizabeth I é uma das grandes mulheres da Idade Moderna. No século XVIII, Catarina, a Grana, czarina da Rússia de 1762 a 1796, considerada um expoente entre os déspotas esclarecidos, ou seja, os soberanos absolutistas que admitiram abertura para algumas das ideias reformistas propostas pelo Iluminismo.

Em verdade, personagens muito diferentes. Vitória reinou mais de um governo e foi a comandante de proa daquela nação. Já, Elizabeth I, ao revés, era o menos convencional dos seres humanos e, exerceu uma ação direta e profunda nos destinos do país.

Elizabeth I nos apaixona a todo instante que percorremos sua biografia, seja como mulher ou como soberana. E, sua fisionomia é uma das mais complexas que se possa imaginar. Questionamos, intimamente: sua virgindade era real ou simulada? Era hiperbólica ou metafórica?[1] Forçada ou voluntária? Suas eternas hesitações já denunciavam um traço essencial de seu caráter, ou não seriam antes, disfarces destinados a encobrir o progressivo curso de desígnios pensados?

As violências, as predileções súbitas, as inesperadas reviravoltas, a imprevisibilidade de atos, às pretensões à beleza, o gosto ímpar por atavios não eram exatamente fraquezas femininas, ou constituem, por suas mãos, armas cuidadosamente munidas das quais serviam com destreza preparada.

Ainda questionamos: Elizabeth I era avara, ou apenas, econômica? Vingativa ou apenas previdente? Circunspecta, ou apenas, medrosa? Ainda resta decidir, se era realmente apaixonada, ou apenas histérica. Não se pode responder tantos questionamentos, senão por aproximação cuja solução se esquiva diante da luz da contradição.

Indubitável é o gênio político do Rei Henrique VIII e de Ana Bolena. Quando chamada a reinar sobre a Inglaterra, a encontrou pouco povoada, meio arruinada, despedaçada internamente devido  diversos perigos e, ao final de seu reinado, a deixou próspera, pacificada, temida, em plena expansão e a caminho de se tornar, como se confirmou mais tarde, como uma das primeiras grandes potências do mundo.

A história e a literatura perguntam como Elizabeth I realizou tamanho milagre? O progresso do povo inglês, reconhece neste grande momento de ação, da rainha que também teve a sua parte e, sem ela, muitos dos obstáculos seriam intransponíveis e, certamente, não teriam sido vencidos.

Os rumores sobre a virgindade da soberana foram fundamentais para fortalecer a  monarquia inglesa da época. Elizabeth I governou seu país durante quarenta e cinco anos. E, a célebre Era Elisabetana[2] ficou marcada como período de notável fortalecimento cultural e político.

Seu reinado foi caracterizado por significativo nível de conciliação interna, bem como a fundamentação plena das bases do anglicanismo como religião principal da sociedade e do poder da Inglaterra.

O chamado culto à virgindade[3] foi importante e a origem deste coincide com o momento que culminaria posteriormente com a noção de nacionalidade inglesa, que significa a formação de identidade cultural e política, a partir, inclusive da regência da Coroa.

As políticas culturais, o culto à rainha e a estabilidade sólida da rainha forma essenciais para tanto. A celebração de sua virgindade fora construída à medida em que Elizabeth I envelhecia. Saber, ao certo, se era virgem ou não, não existe resposta concreto.

A âncora desse argumento era o fato de que a monarca jamais se casou, então, socialmente era declarada como  nunca houve praticado sexo[4].

A Rainha Virgem apontava para uma relação imagética evidente com a figura da Virgem Maria, mãe da figura relevante de culto civil da sociedade tradicionalista, além da autoridade regular do rei. Com isso, produziria a noção de que Elizabeth I não era uma mulher comum.

E, tal campanha fora acompanhada por movimentos literários e das artes plásticas. Quadros, poesias, cantos e celebrações retratavam a rainha a partir da característica da virgindade, ou mesmo, como espécie de deusa, colocando-a em posição de superioridade ética.

A exaltação à memória da monarca tinha como pilar fundamental a imagem da Rainha Virgem, o que foi essencial para a formação da figura como uma das mais centrais da memória dos ingleses.

O milagre se materializou por ela que foi prudente discreta, astuta, capaz de esperar, afeiçoada à paz, poupando o sangue de seus súditos, soube disciplinar a fogosidade destes, canalizando e dando livre acesso e curso somente no exato momento e com objetivo bem definido. Quase sempre o êxito justificou o uso de seus métodos.

Ressalte-se que ainda, que esse notável êxito que foi alcançado com meios materiais extremamente reduzidos. Elizabeth I nem tinha tantos funcionários estáveis, nem exército permanente apenas dispunha de uma frota pouco numerosa e, seus recursos financeiros eram mesmo miseráveis.

Bem mais o que a força, teve que utilizar habilidosa diplomacia, mais do que o constrangimento, recorreu à persuasão. Sua figura foi ajudado pelo mais elevado grau e dom de pessoa do Estado e, ainda, instintivamente adivinhar as reações da nação.

Era uma amazona exímia, ensinando uma égua difícil, jamais pressionou o povo inglês, senão ao ponto e momento oportuno. Resistiu0lhe somente quando não havia o risco de encoleirar, deixando-o à vontade todas as vezes, que isso se tornava necessário e, conseguiu vir a formar com ele um só.

Eis que a Inglaterra da Renascença com aroma de libras, o frescor do mar e de sangue, os seus poetas requintados, sopesando-se no espetáculos de suplício, os seus sonetos e, ainda, seus rudes camponeses apreciadores de música e de espetáculos mundanos que ia do combate entre russos e cães até uma tragédia ou comédia de Shakespeare, as suas charnecas semisselvagens soltas em jardins extravagantes onde a brutalidade e o patriotismo destacavam o amor à mitologia e a sua paixão protestantes.

A singular e grandiosa Inglaterra destinada a mudar frequentemente sobre o qual o reinado de Elizabeth I imprimiu traços que não se desvaneceram. Enfim, o perfil de Elizabeth I tem e teve sua contribuição efetiva para o mundo todo.

Referências

CHASTENET, Jacques. A vida de Elizabeth I da Inglaterra. Tradução de José Saramago. São Paulo: Círculo do Livro, 1976.

HELIODORA, Bárbara. A Expressão Dramática do Homem Político em Shakespeare. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.

Notas:

[1] Qual é a diferença entre hipérbole é metáfora? Hipérbole ou auxese é a figura de linguagem que ocorre quando há exagero intencional numa ideia expressa, de modo a acentuar de forma dramática aquilo que se quer dizer, transmitindo uma imagem ampliada do real. As figuras de linguagem são recursos estilísticos usados na escrita ou na fala para realçar a mensagem,  tornando-a mais expressiva. Ao identificar as figuras de linguagem, a compreensão do texto torna-se mais  fácil, ampliando os horizontes do leitor, do ouvinte.

[2] A era elisabetana é a época do período Tudor da história da Inglaterra durante o reinado da Rainha Elizabeth I (1558–1603).  Os historiadores costumam retratá-lo como a idade de ouro da história inglesa. O símbolo da Britânia (uma personificação feminina da Grã-Bretanha) foi usado pela primeira vez em 1572, e muitas vezes depois disso, para marcar a era elisabetana como um renascimento que inspirou o orgulho nacional. por meio de ideais clássicos, expansão internacional e triunfo naval sobre a Espanha. Esta "idade de ouro" representou o apogeu do Renascimento inglês e viu o florescimento da poesia, da música e da literatura. A época é mais famosa  por seu teatro , já que William Shakespeare e muitos outros compuseram peças que romperam com o estilo de teatro anterior da Inglaterra. Foi uma época  de exploração e expansão no exterior, enquanto em casa, a Reforma Protestante se tornou mais aceitável para o povo. A era elisabetana contrasta fortemente com os reinados anteriores e posteriores. Foi um breve período de paz interna entre as Guerras das Rosas no  século anterior, a Reforma Inglesa e as batalhas religiosas entre Protestantes e Católicos antes do reinado de Elizabeth, e depois o conflito posterior  da Guerra Civil Inglesa e a política em curso batalhas entre o parlamento e a monarquia que engolfou o resto do século XVII. A divisão Protestante  / Católico foi resolvida, por um tempo, pelo Acordo Religioso Elisabetano , e o parlamento ainda não era forte o suficiente para desafiar o absolutismo real.

[3] A monogamia, castidade e celibato, devem ter sido praticados por alguns elisabetanos, porém, não era exatamente uma norma. E no entanto, ao leme desta vibrante e emocionante nação – com tantas promessas para um futuro brilhante, crescendo, ficando mais rica e alcançando novos mundos – estava uma mulher que suprimiu de seus súditos, seus próprios, mais íntimos e humanos desejos.

[4] A soberana teria se relacionado intimamente com seu amigo de infância Robert Dudley, que era casado, e a quem chamava carinhosamente de “doce Robin”. Depois de nomeá-lo como mestre da cavalaria, que garantia um encontro quase todos os dias, todos passaram a dizer que Sua Majestade também o fazia visitas em seus aposentos durante a noite.  Em 1560, quando Amy Robsart, esposa de Robert, foi encontrada morta com o pescoço quebrado aos pés de uma escada, a oposição passou a sugerir que Elizabeth estaria envolvida, como forma de ter o homem apenas para si. Mesmo com o acontecimento, ambos continuaram com a amizade. Com as incessantes tentativas de arranjar um marido para a soberana, uma enorme lista de pretendentes para a rainha se formou, contando com nomes como: o rei Filipe II da Espanha, os arquiduques austríacos Ferdinand e Carlos e o rei Erik XIV da Suécia. Entretanto, nenhum deles foi aprovado.  Walter Raleigh, Thomas Heneage, Christopher Hatton e Robert Devereux, que se tornou o Conde de Essex, são alguns dos homens que flertaram com Sua Majestade. No entanto, Dudley continuou como o número um de sua lista por muito tempo, até se casar novamente, em 1578, com Lettice Devereux, viúva do ex-Conde de Essex.


Gisele Leite

Gisele Leite

Professora Universitária. Pedagoga e advogada. Mestre em Direito. Mestre em Filosofia. Doutora em Direito. Conselheira do INPJ. Instituto Nacional de Pesquisas Jurídicas. Consultora Jurídica.


Palavras-chave: Elizabeth I Inglaterra História Filosofia Cultura

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