Depois de 11 de setembro
O atentado de 11 de setembro de 2001 foi o maior ataque militar sofrido pelos EUA desde a Segunda Guerra Mundial e, que expôs a vulnerabilidade norte-americana e levou a Guerra ao Terro que correspondeu a estratégia de combate ao terrorismo cujos principais desfechos forma a invasão do Iraque e do Afeganistão. E, leis antiterroristas também foram endurecidas e, com isso, surgiu a Lei Patriótica (Patriot Act).
O
mundo depois de 11 de setembro de 2001 com a tragédia terrorista que impactou
os EUA foi de expressiva magnitude que transtornou e preocupou, e ainda, nos
abala até hoje a respeito do destino humano e do Estado. Muitas têm sido as
perspectivas oferecidas, desde o incondicional apoio ao povo norte-americano,
tanto na paz como na guerra, havendo mesmo os reticentes comentários
relativamente à responsabilidade indireta que teria os EUA nesse evento.
Não
faltou quem cultuasse o idealismo por parte dos terroristas, ainda que
condenando-os por suas odiosas operações. A premência dos fatos históricos
justifica o juízo de valor produzido pelo assunto, especialmente, quanto ao
temor de se optar pela reação bélica precitada, o que atenderia aos desígnios
dos terroristas.
Um
meio condenável apontado foi a colocação da questão em termos de “guerra”,
mesmo que se tratasse de uma guerra sem rosto, acentuada e fora do espaço e do
tempo, resultante de ódios imprevisíveis e nutridos na surdina e calada dos
mais diversos cantos do mundo.
É
verdade que num primeiro momento, torna-se explicável haver o discurso de
vingança ou de represália, mas, com o passar do tempo, o uso da palavra
“guerra” passou atender mesmo ao viés metafórico de uma conjugação
transnacional de forças para combater o terrorismo, mediante a propaganda de
estudos reveladores do censurável objetivo do terrorismo.
O
terrorismo é expressão genuína do fanatismo fundamentalista, não havendo que
questionar suas razões que têm auxiliado no desenvolvimento alarmante da
violência como linguagem e política.
Evidentemente,
inegável que o terrorismo se multiplica em razão da atroz desigualdade
existente entre os povos e nações no que se refere à participação de todos à
dignidade humana, principalmente, em razão das benesses proporcionadas pela
ciência e tecnologia.
Foi
em clima de exclusão social e de extenuante miséria que atormenta o continente
africano, a certas regiões da Ásia e do Oriente Médio[1] e, ainda, as favelas ou
comunidades pobres que circundam as grandes metrópoles do mundo, onde o
terrorismo tende a se expandir e colocar em premente risco os valores éticos e
econômicos de todo Ocidente.
Resulta
desse fato, em resumo, uma alteração substancial no entendimento do que seja
segurança, até agora consubstanciada na obtenção de armas e forças militares
cada vez mais poderosas.
Na
realidade, o que se assistiu nas cidades norte-americanas foi a reversão de
uso, pelos terroristas de nossos meios de transporte, que de instrumento de
comunicação pacífica, passaram a ser empregados como imprevisíveis formas de
ataque e destruição. E, diante de fenômeno tão violento e impactante, o valor
da segurança passou por uma revisão radical, prevalecendo as medidas
preventivas às de ofensivas e de defesa do caráter bélico[2].
Contudo,
apesar das rigorosas providências cautelares, a serem tomadas pelo Estado em
nome de todos os setores da atividade social, impõe-se considerar a
indispensável coparticipação de todos os povos contra o terrorismo, não podendo
esta ser deixada a critério e a cargo exclusivos de uma só nação, por mais
potente que seja, por ter caráter transnacional, inclusive no que se refere às
religiões, nenhuma destas podendo ser excluída. Seria um gravo erro, dispensar
previamente a colaboração, por exemplo, dos muçulmanos, pois o Alcorão[3] é magnífico repositório de
valores éticos, incompatíveis com os procedimentos criminosos de terroristas.
Cumpre
mudar a mentalidade reinante no capitalismo que tem no lucro, ou melhor, o
resultado econômico imediato como seu principal alvo, quando não exclusivo, de
tal forma que, ao surgir qualquer crise no consumo de produtos, o empresário
recorre incontinenti na demissão sumária de trabalhadores, em vez de sopesar
em novos aportes de capital para realizar em face às flutuações do mercado, uma
sobrevivência mais digna.
Daí,
decorre o crescente desemprego que abastece a crise estrutural do capitalismo
contemporâneo, com acréscimo da revolta social propícia aos extremados por atos
de terror, cuja prática é devida à inegável em grande parte aos desvios das
empresas de televisão, empenhadas na conquista de maior índice de popularidade
e audiência, quaisquer que sejam os processos utilizados.
A
superação do terrorismo implica em alterações em todos os quadrantes da
sociedade, como, por exemplo, uma tomada de consciência universal, não podendo
deixar de repercutir no plano de valores culturais e educacionais, sobretudo,
no que se refere às letras, artes, filosofia, sociologia e política[4].
Não
seria exagero afirmar que se trata de uma mutação civilizatória, mas, que
parece que a agressão sofrida pelos EUA teve o significado de grave advertência
diante do dever comum de salvaguarda dos valores éticos fundamentais.
Depois da queda do muro de Berlim[5], com soçobrar do socialismo real, o saudosismo marxista gerou na ideologia, duas correntes complementares, a dos céticos e a dos desconstrutivistas. Se aqueles pregam a suspensão do juízo, em desconsolada atitude de disponibilidade, estes preferem afirmar que é preciso desconstruir a tábua axiológica intelectiva e da ética tradicional, devendo prevalecer soluções marcadas pelo viés assistemático e, até mesmo, intencionalmente provisórias e efêmeras, como sinais da pós-modernidade[6].
Um
sério risco universal se ergueu diante das variantes axiológicas que acenam ao
maior significado de nossa civilização[7], é preciso que se abandone
as atitudes meramente unilaterais, para se privilegiar as soluções
representativas da unidade e de solidariedade voltadas para os valores
humanísticos, sem os quais a justiça não traz resultados benéficos não obstante
tão grandiosas conquistas científicas e tecnológicas.
Sem
dúvida, que não apenas no plano da economia e da política, notadamente a
internacional repercutiram os atos terroristas de 11 de setembro, mas em todos
os domínios das ciências e do mundo, imprimindo nova configuração ao pensamento
universal e exigindo, ainda, cautelosas atitudes nesta hora tão preocupante.
Antes
do terrível ato de terror, vivíamos numa fase marcada pelo desejo de composição
de valores, em escala planetária, impulsionada por meios de comunicação que
atuam normalmente pacificamente e sincrônica. Enfim, cogitou Miguel Reale[8] em sua obra intitulada “O
Estado Democrático de Direito e o Conflito das Ideologias” que seria mais
adequado cogitar em convergência das ideologias, visto prevalecer o intercâmbio
de ideias sobre a tomada de decisão de caráter isolado, nacional ou regional.
É
essa visão otimista, que devido a um acontecimento que em tão poucas horas, fez
ruir por terra a sociedade universal, que rachada ao meio, foi atingida em seus
valores fundantes.
Reale
traduziu sua visão otimista pois, acreditou no peso da herança
histórico-cultural de mais três milênios que está em causa, com majestoso
patrimônio conquistado no mundo da sensibilidade, com projeção expressiva no
domínio da cultura, educação e das ciências e tecnologia e, da capacidade
volitiva empenhada em uma obra de natureza econômica e política, visando a
realizar um ordenamento social mais equitativo, sendo benéfico para maior
número possível de seres humanos.
O ato de terrorismo que aflige e nos ameaça nos faz cogitar no retorno à barbárie, ao sacrifício de uma tábua de valores que tem em sua base a importância da pessoa humana e do que esta representa como afirmação e desenvolvimento do espírito, o qual se vale dos conhecimentos alcançados para a garantia de uma existência individual e coletiva condigna, cada vez mais caracteriza pelos bens inalienáveis da liberdade[9], da igualdade e da fraternidade.
Portanto,
diante um quadro dessa natureza, a primeira reação dos homens cultos e
iluminados que só pode fazer sentido na preservação dos bens fundamentais[10], do que chamamos de
civilização, resultante de incontáveis sacrifícios, de inúmeros fracassos e
vitórias, de êxitos e de decepções com perda de milhões de vidas nos conflitos
de toda espécie, que, com idas e vindas, insurgências e recorrências, têm
amargurado a nossa vida no mísero planeta Terra, a que se refere Dante
Alighieri[11],
ao iniciar a sua inesquecível através do inferno e do purgatório, em busca do
paraíso.
Há
renovada tentativa de alcançar os bens supremos que está em jogo, não se
compreendendo que alguém, com algumas culturas, possam ainda sustentar ideias e
teorias desprovidas de raízes no passado, optando por soluções pretensiosamente
desconstrucionistas e efêmeras como as pregadas pelos que se vangloriam de ser
pós-modernos.
A
natureza histórica os valores fundamentais denominada invariantes axiológicas,
demonstra respeito às inovações, mas há momentos na vida da humanidade em que
esta não pode deixar de ser fiel às fontes primordiais de sua experiência.
Esse
apego às raízes exige, no entanto, uma visão integral, não se permitindo que
uma destas, passe a ter posição dominante, como aconteceria se, atualmente, só
merecesse atenção o problema do terrorismo, por ameaçar nossa comum
sobrevivência.
Seria,
com efeito errôneo considerar apenas o terrorismo, mas de outros empenhos e
deveres básicos, como os da luta contra a violência, o narcotráfico e a
exclusão social.
De
toda tragédia, restou a reflexão sobre os EUA que estão cobertos de razão na
prática de atos bélicos de autodefesa, não podendo esquecer o significado
supremo da paz, tudo se devendo fazer para que o conflito não se estenda para
outros países de preponderância muçulmana, com o tremendo risco de dar
nascimento ao pior males que seria uma guerra por motivos religiosos.
Depois
do 11 de setembro, deu-se o endurecimento da segurança nos EUA às guerras no
Oriente Médio, a redimensão das relações globais, o que mudaria para sempre o
século XXI. A morte de mais de três mil pessoas e a derrubada das Torres Gêmeas
desencadearam a Guerra ao Terror[12] do governo
norte-americano e mudaram a conjuntura de toda geopolítica mundial.
OS
EUA, na época, eram governados pelo Presidente George W. Bush que fora eleito
no ano anterior (2000) diante de acirrada eleição com o democrata Al Gore que
incluiu também contagem de votos polêmica na Flórida e que até hoje é
questionada.
O
atentado trouxe à evidência de forma inédita a vulnerabilidade da maior
potência militar e econômica do mundo e, dentro de seu próprio território. E, a
resposta em busca de culpados da tragédia, levou os EUA à invasão do
Afeganistão, em 2001, e do Iraque em 2003 e dois países acusados de serem
aliados a Al-Qaeda. Ocupação que só se findou em agosto de 2021.
No
Afeganistão, o objetivo era derrubar o Talibã que fora acusado de ajudar
e esconder os líderes do Al-Qaeda. Entre estes, o Osama Bin Baden que
era líder do grupo terrorista que se arrogou como o mentor dos atos de 11 de
setembro.
Posteriormente,
Bin Laden terminaria capturado por um comando norte-americano só dez anos
depois, exatamente em primeiro de maio de 2011, em região montanhosa perto de Islamabad,
a capital do Paquistão.
E,
horas depois, o então Presidente Barak Obama fez histórico pronunciamento na
Casa Branca anunciando a morte de Bin Laden[13] por um tiro na cabeça.
Já,
no Iraque, uma coalizão entre os EUA e Reino Unido invadiu em 2003 para depor o
governo do ditador Saddam Hussein que permanecia no poder desde 1979, era
sunita e fora condenado em 2006 pelo assassinato de muitos xiitas, um grupo
rival muçulmano e executado por enforcamento no mesmo ano.
Depois,
ao longo dos anos seguinte, a facção terrorista divulgou comunicados, vídeos e
áudios sobre o referido atentado e, em 2002, foi divulgada uma carta ao povo
americano, supostamente redigida por Bin Laden, na qual elencou os motivos que
o levaram a organizar o atentado.
E,
entre os pontos, foi a presença dos EUA na Arábia Saudita (aliados de longa
data do governo norte-americano) e o apoio a Israel. E, também as sanções
impostas ao Iraque.
In
litteris:
"Vocês
deixaram famintos os muçulmanos do Iraque, onde crianças morrem todos os dias.
É uma maravilha que mais de 1,5 milhão de crianças iraquianas morreram como
resultado de suas sanções, e vocês não mostraram preocupação. Mas, quando 3.000
do seu povo morrem, o mundo inteiro se levanta", diz a carta.
Enfim,
os reflexos de 11 de setembro são vistos em todos os lados do espectro
político, tanto no Partido Republicano quanto no Democrata. De Bush a Obama e
até Biden, as duas décadas que se seguiram ao atentado impactaram sobremaneira
a política dos EUA e a segurança global[14].
Promoveu-se
a intensificação das guerras no Oriente Médio[15], uma das mudanças mais
bruscas foi na inteligência norte-americana. Depois dos atentados, o Presidente
George Bush assinou o USA Patriot Act (ou Lei Patriótica).
Esse
decreto permitia que a inteligência interceptasse as comunicações de pessoas supostamente
envolvidas com terrorismo sem autorização judicial. O Patrioct Act foi
estendido de 2011 até 2015 e, depois, o Congresso o substitui pelo USA
Freedom Act, que impôs algumas restrições ao manejo de dados.
Com tamanho superpoder das agências de inteligência, tanto o FBI como a NSA foram alvo de críticas nas últimas décadas por ativistas. E, foi também o estopim para casos como o whistleblower Edward Snowden[16], que em 2013, vazou documentos da NSA mostrando que os EUA vinham espionando cidadãos até de governos aliados, inclusive o Brasil.
Durante
o governo do Presidente Donald Trump, desde 2016, os embates com o mundo árabe
seguiram sendo frequentes e, um dos episódios mais controversos foram as
declarações de que pretendia mudar a embaixada norte-americana de Israel de
Tel-Aviv para Jerusalém (que é considerada uma cidade sagrada para judeus,
cristãos e muçulmanos e que os palestinos alegam não poder ser vista somente
como território do Israel).
Ao
todo, morreram ou ficaram desaparecidas 3.278 pessoas de oitenta nacionalidades
diferentes e que no Pentágono, além das sessenta e quatro pessoas que estavam
nos aviões sequestrados, cento e vinte e cinco pessoas perderam a vida, somado
ao óbito de quarenta e quatro pessoas do quarto avião.
A
queda das Torres Gêmeas causou uma sensação de abalo sísmico de aproximadamente
2.4 na escala Richter que levou um terceiro edifício ao chão, com quarenta e
sete andares. Lembremos, ainda, que em 1993 o mesmo WTC (World Trade Center)
já havia sido alvo de atentado quando explodiram veículos no estacionamento subterrâneo
do complexo, ferindo cerca de mil pessoas e matando seis.
E,
na época os construtores das Torres Gêmeas[17] comemoravam afirmando que
o referido complexo aguentaria até mesmo uma colisão de Boeing 747 visto
que os prédios não caíram.
Os
referidos ataques terroristas causaram prejuízo cerca de sessenta bilhões de
dólares aos EUA e, até hoje 1.106 vítimas dos ataques terroristas às Torres
Gêmeas não foram identificadas e, atualmente, diante das novas técnicas de
sequenciamento de DNA humano, estão sendo usadas para revelar a identidade de
pessoas que morreram. Esse ano, com tal método, apenas duas pessoas foram finalmente
identificadas.
O
11 de setembro é evento que maior consequências trouxe na história
norte-americana recente e, traduziu-se na mais longa guerra no Afeganistão[18], redefinindo a política,
economia, prioridades, e o psicológico coletivo do país. O efeito
sociopsicológico na resposta ao terrorismo ou as ameaças de morte, nos forçam a
ser mais cuidadosos na busca por controle e previsibilidade.
Também
suscitaram os crimes de ódio contra muçulmanos que disparam e, de acordo com
dados do FBI, a polícia federal americana, ao final da década de 1990 eram
registrados entre vinte a trinta casos por anos e, em 2001, foram formalizadas
cerca de quatrocentos e oitenta e uma ocorrências consagrando uma majoração de
mil e quinhentos por cento.
E,
os índices se mantêm entre cem por cento atingindo cento e cinquenta
ocorrências anuais, sem nunca voltarem aos índices anteriores a onze de setembro
de 2001[19].
Enfim, com o atentado criou-se o Estado de super vigilância[20].
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Notas:
[1]
No Oriente Médio, aproximadamente 92% da população é de religião
islâmica-muçulmana. Ela tem 4 seitas (divisões), sendo sunita e xiita as
principais e com mais adeptos, pois surgiram logo após a morte do profeta
Maomé, em 632 d.C. Há grupos menores de mulçumanos como os drusos e os
alauitas. Além disso, também vivem cerca de 3% de judeus concentrados na cidade
de Israel. Apesar de ter pouco número, os judeus possuem uma influência
gigantesca justamente porque se concentraram na principal cidade da região. Assim,
vivem em conflitos com os muçulmanos.
[2] Em um instante, no centro da maior potência mundial, dois dos seus mais notáveis símbolos são agredidos e desmoronam, arruinados. Em um instante, o poder econômico e o poder militar, compreendendo o monopólio da exploração e o monopólio da violência, são postos em causa, deixando de ser intocáveis. São as duas principais alavancas da supremacia das elites governantes e classes dominantes norte-americanos no mundo. Simbolizam as teias, redes ou sistemas com os quais essas elites e classes se associam com elites governantes e classes dominantes da maioria das nações do mundo. Nesse sentido é que o mundo assiste atônito e assustado, surpreendido e fascinado, o desabar de dois pilares do neoliberalismo e do ocidentalismo, isto é, do capitalismo. Em pouco tempo, em todo o mundo, muitos se dão conta de que muita coisa saiu do lugar; o que parecia estabelecido, quieto em sua calma, revela-se desconhecido. De repente instala-se a descontinuidade, instabilidade, aflição, medo, terror. O que parecia um acidente de engenharia, arquitetura ou urbanismo, logo se revela acontecimento histórico, com implicações econômicas, políticas, sociais e culturais. Abala-se o mapa do mundo, movendo-se territórios e fronteiras, expectativas e horizontes, ideais e convicções, glórias e ilusões.
[3] Diferentemente do que muitos afirmam, o Alcorão não prega a violência. Os que o utilizam com esse propósito fazem suas próprias interpretações para justificar seus atos. De acordo com Fernando Celino, assessor de comunicação da Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro, explica que a própria palavra "islã" vem da raiz árabe "salam", que significa paz. A saudação “salmaleico “significa literalmente "Que a paz esteja com você".
[4]
O capitalismo contemporâneo é resultante de muitas transformações e também do
processo dialético da legislação e da função do Estado no mundo globalizado. O
capitalismo atual está associado à reestruturação produtiva, à globalização
financeira e ao novo papel dos Estados.
[5]
O muro de Berlim foi o símbolo máximo da bipolarização do mundo durante a
Guerra Fria e sua queda representou o fim do socialismo como alternativa de
modelo econômico naquele contexto. Ele separou a cidade em Berlim Oriental e
Berlim Ocidental durante mais de 28 anos, desde sua construção em 1961 até a
sua derrubada em 1989. A Alemanha ficou dividida em 4 setores de ocupação
depois da II Guerra Mundial: soviético, americano, francês e inglês. No dia 09
de novembro de 1989, a população alemã foi informada pelo Partido Comunista da
Alemanha Oriental de que a travessia entre Alemanha Oriental e Alemanha
Ocidental estava liberada.
[6]
O conceito de pós-modernidade tornou-se nos últimos anos, um dos mais
discutidos nas questões relativas à arte, à literatura ou à teoria social, mas
a noção de pós-modernidade reúne rede de conceitos e modelos de pensamento em
“pós”, dentre os quais podemos elencar alguns: sociedade pós-industrial,
pós-estruturalismo, pós-fordismo, pós-comunismo, pós-marxismo, pós-hierárquico,
pós-liberalismo, pós-imperialismo, pós-urbano, pós-capitalismo. A
pós-modernidade coloca-se também em relação com o feminismo, a ecologia, o
ambiente, a religião, a planificação, o espaço, o marketing, a administração. O
geógrafo Georges Benko afirma que o “pós” é incontornável, o fim do século XX
se conjuga em “pós”. Mal-estar ou renovação das ciências, das artes, da
filosofia estão em uso.
[7]
Civilização é estágio de desenvolvimento cultural, educacional em que se
encontra certo povo. Sendo representado por técnicas denominadas, relações
sociais, crenças, fatores econômicos e a criação artística. Portanto, sob esta
perspectiva, civilização corresponderia a um processo evolutivo vivenciado pela
sociedade, em que os sujeitos deixariam num estágio considerado inferior, em
direção a um estágio classificado como superior. Desta forma, esta
interpretação dotada de uma carga visivelmente valorativa, supõe que as
sociedades ao longo do processo histórico caminhariam em uma direção avaliada
como melhor. Neste sentido, para este autor o conceito de civilização pode
aludir:(...) A uma grande variedade de fatos: ao nível da tecnologia, ao tipo
de maneiras, ao desenvolvimento dos conceitos científicos, às ideias religiosas
e aos costumes. Pode se referir ao tipo de habitações ou à maneira de como
homens e mulheres vivem juntos, à forma de punição determinada pelo poder
judiciário ou ao modo como são preparados os alimentos. Rigorosamente falando,
não há nada que possa ser feito de forma civilizada ou incivilizada. Daí ser
sempre difícil sumarizar em algumas palavras o que se pode descrever como
civilização. Elias assevera que civilização é um conceito que denota a
consciência que o Ocidente tem di si, por oposição aos chamados
"bárbaros" ou incivilizados. Neste sentido, seu significado sintetiza
a crença que suas nações têm que suas sociedades são superiores, e, por
conseguinte, mais avançadas que as sociedades anteriores ou as sociedades
contemporâneas consideradas "primitivas". Portanto, diante da
naturalização deste conceito, Elias defende que a civilização que estamos
acostumados a considerar como uma posse que nos chega aparentemente pronta e acabada
sem que perguntemos como viemos a possui-la é um processo que nós mesmos
estamos envolvidos.
[8]
Miguel Reale examinou a tendência a uma possível conjunção entre o liberalismo
e a social-democracia em uma nova corrente político-econômica, denominada
social-liberalismo. Não se trata de mais um livro de iniciação à cultura
política em geral, mas de um livro que tem por finalidade situar alguns dos
problemas ideológicos com que se defronta o Estado Democrático de Direito em
nosso país.
[9]
Para John Rawls em sua Teoria da Justiça, o primeiro princípio corresponde a
liberdade, enquanto o segundo corresponde à justiça distributiva. O próprio
filósofo deixou evidenciado que as necessidades básicas, ou seja, os mínimos
sociais, integram o primeiro princípio (o da liberdade) e, por isso são
fundamentos constitucionais e não se confundem com as questões de justiça
básica.
[10]
Essas duas formas de se adquirir bens foram mais bem explicadas pelo sociólogo
alemão Franz Oppenheimer em sua obra The State: Existem duas formas
fundamentalmente opostas através das quais o homem, em necessidade, é impelido
a obter os meios necessários para a satisfação dos seus desejos. São elas o
trabalho e o furto, o próprio trabalho e a apropriação forçosa do trabalho dos
outros. Eu proponho chamar ao trabalho próprio e à equivalente troca do
trabalho próprio pelo trabalho dos outros, de “meio econômico" para a
satisfação das necessidades enquanto a apropriação unilateral do trabalho dos
outros será chamada de "meio político". O Estado é a organização dos
meios políticos. Por essa ótica, toda organização estatal é precedida pelo
mercado, posto que a única forma do primeiro se sustentar é pela via da exploração
das riquezas alheias, e estas só surgem por meio da produção e troca livre
entre os homens. O Estado assim nada produz; ele somente retira. A maneira pela
qual essa expropriação decorre é pela imposição de uma ordem legal que legitime
seus atos, mais popularizado como o sistema tributário.
[11]
A Divina Comédia do poeta italiano Dante Alighieri (1265-1321) é uma obra que
foi publicada no século XIV durante o período do Renascimento. Ela representa um dos maiores clássicos da
literatura universal. Esse grande poema épico foi escrito em dialeto local, o
florentino. Repleto de simbolismos e
alegorias, Dante critica filósofos, religiosos e políticos que viveram em sua
época. A primeira parte é composta de 34 cantos com cerca de 140 versos cada
um. Virgílio, o grande poeta romano autor de Eneida, surge para guiar Dante
pelo inferno e o purgatório em direção ao paraíso. Antes de encontrar Virgílio,
ele estava numa selva escura. O inferno é um local no interior da terra formado
por nove círculos. A imagem descrita por Dante esteve baseada na cultura
medieval, onde o universo era formado por diversos círculos concêntricos.
[12]
Guerra ao Terror ou Guerra ao Terrorismo é uma campanha militar desencadeada
pelos Estados Unidos, em resposta aos ataques de 11 de setembro. O então
Presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, declarou a "Guerra ao
Terror" como parte de sua estratégia global de combate ao terrorismo.
Inicialmente com forte apelo religioso neoconservador, George Bush chegou a
declarar uma "Cruzada contra o Terror" e contra o "Eixo do Mal”,
no que ficou conhecido como Doutrina Bush. Isto gerou forte reação entre os
aliados europeus, que acabaram exigindo maior moderação no uso de conceitos
histórico-religiosos na retórica antiterror. "Assim que Bush fez seu
discurso sobre as 'cruzadas' — algo que carrega um tremendo significado para muçulmanos e cristãos —,
poucos dias depois do 11 de setembro, soube-se que o atentado seria tratado
como um ato de guerra, com o que o governo assumiria poderes muito maiores do
que tinha para perseguir e deter pessoas no estrangeiro, assim como para
promover a espionagem doméstica, tudo
como se fosse uma guerra", relata o advogado de direitos constitucionais
Michael Ratner, do Center for
Constitutional Rights.
[13]
A mídia nos Estados Unidos noticiou que o corpo foi "enterrado no
mar" para evitar que o túmulo de Osama Bin Laden fosse tratado como um
local sagrado. Isso teria sido feito em menos de 24 horas depois da morte em
respeito à prática islâmica. O feito foi descrito pelo presidente Obama como
"a conquista mais significativa até hoje nos esforços de nossa nação para
derrotar a Al Qaeda". A notícia foi recebida com festa por uma multidão
reunida do lado de fora da Casa Branca, em Washington, mas os Estados Unidos já
colocaram suas embaixadas ao redor do mundo em estado de alerta, temendo
represálias.
[14]
Os Estados Unidos deram a guerra do Afeganistão por terminada, mas o conflito
entrou em um turbilhão de violência que está elevando a cifra de civis mortos a
níveis recorde. A retirada militar da maior potência mundial e de seus aliados
da OTAN abriu o caminho para o avanço do Talibã no território, e em uma semana
a milícia islâmica assumiu o controle de seis capitais provinciais. A última a
cair, na segunda-feira, foi Aibak, na região de Samangan (norte). Durante o fim
de semana, outras três capitais haviam sido dominadas, incluindo Kunduz, também
no norte e uma das principais cidades do país, e que os ocidentais tinham
defendido como enclave estratégico.
[15]
A invasão do Kuwait pelo Iraque e, depois, a invasão do próprio Iraque pelos
americanos, em 1991 e em 2003, pode ser considerada como conflitos pelo
controle de poços de petróleo. Além disso, a própria Guerra da Síria conta com
a participação da Rússia, muito em função dos interesses daquele país em manter
seu monopólio de distribuição de gás natural para a Europa.
[16] O ex-técnico da CIA Edward Snowden, de 29 anos, é acusado de espionagem por vazar informações sigilosas de segurança dos Estados Unidos e revelar em detalhes alguns dos programas de vigilância que o país usa para espionar a população americana – utilizando servidores de empresas como Google, Apple e Facebook – e vários países da Europa e da América Latina, entre eles o Brasil, inclusive fazendo o monitoramento de conversas da presidente Dilma Rousseff com seus principais assessores.
[17]
Imediatamente após os ataques, o engenheiro civil Eduardo Kausel, professor
emérito do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental do Instituto
Tecnológico de Massachusetts (MIT), liderou uma série de estudos e publicações
em que especialistas do MIT analisaram as causas dos colapsos de um ponto de
vista estrutural, de engenharia e arquitetônico. A resposta de Kausel contém
uma série de fenômenos físicos e químicos que desencadearam o súbito
desabamento catastrófico dos dois edifícios gigantescos, o que ninguém, naquela
época, era capaz de imaginar. Tanto o MIT quanto o Nist concluem que as torres
entraram em colapso principalmente devido a uma combinação de dois fatores: os
graves danos estruturais causados pelas colisões das aeronaves em cada
edifício e a cadeia de incêndios que se espalhou por vários andares. "Se
não houvesse fogo, os prédios não teriam desabado", diz Kausel. "E se
tivesse havido apenas um incêndio, sem os danos estruturais, eles também não
teriam desabado." In: SERRANO, Carlos. 11 de setembro: as duas causas
científicas para queda das torres do World Trade Center. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-58478109
Acesso em 11.09.2021.
[18]
As tropas americanas deixaram o Afeganistão na segunda-feira (30), segundo o
governo dos Estados Unidos, que corria contra o tempo para concluir a retirada
de diplomatas, militares, aliados e colaboradores até a data limite de 31 de
agosto de 2021. O Talibã, que voltou ao poder em 15 de agosto, tomou o controle
do aeroporto, que estava sob comando dos EUA desde a queda do governo afegão
para os extremistas. Em uma rede social, um porta-voz do grupo anunciou o fim
da ocupação e celebrou o que chamou de "independência". E foi assim
que o 11 de setembro levou à guerra mais longa que este país já travou na
história. O ataque às Torres Gêmeas, o
avião que se chocou contra o Pentágono e o que caiu em um campo da Pensilvânia
insuflaram o nacionalismo americano.
[19]
Em 03.09.2021, Joe Biden, atual Presidente dos EUA pediu ao Departamento de
Justiça que avalie a retirada de sigilo de documentos sobre o 11 de setembro de
2001. O que se soube é que quinze dos dezenove terroristas envolvidos no ataque
eram de origem saudita, mas a Comissão do Congresso norte-americano não
encontrou indícios de que estes foram financiados pela Arábia Saudita. Seguindo
a ordem presidencial, as agências federais norte-americanas terão de apresentar
pareceres sobre a extinção ou não do sigilo e, então, os próprios documentos
até março de 2022 terão acesso franqueado ao público em prazos diferentes.